FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

sábado, 27 de abril de 2013

Táticas de Ataque ao Solo #083




Adaptação do C-44-1 do EB

As aeronaves de ataque ao solo utilizam-se, no cumprimento de suas missões de bombardeio, de diversas táticas e procedimentos para se aproximar de seus alvos e desferir seu golpe mortal. Estes procedimentos visam alcançar o máximo de eficiência tática no sentido de surpreender as defesas, obter o máximo de segurança para a aeronave e sua tripulação aos mesmo tempo que se procura inflingir os danos planejados ao inimigo.

No estudo da tática de ataque que adotarão, entre outros fatores, os pilotos devem:
  • estudar com detalhes a localização de seu aeródromo em relação ao alvo,
  • a altitude de penetração que proporcione maior segurança e surpresa e ao mesmo tempo atenda os requisitos técnicos do voo,
  • a formação que devem adotar
  • os tipos de aeronaves que comporão a força de ataque,
  • a existência e características das baterias antiaéreas,
  • a presença de aeronaves AEW e caças de defesa aérea,
  • os pontos de reabastecimento em voo,
  • os aeródromos alternativos para pousos de emergência
  • as características do terreno que proporcionem cobertura e representem perigo de colisão,
  • as táticas e procedimentos adotados pelo inimigo;


AERONAVES DE ASA FIXA


As aeronaves de asa voam suas missões de acordo com os objetivos a atingir, o seu desempenho em combate, o número possível de surtidas diárias, seus sistemas de armas e o sistema de defesa do inimigo. Além disso, combinam ainda o uso de CHAFF e FLARES, dispositivos passivos com o intuito de defender as aeronaves atacantes do acompanhamento de radares e do engajamento de mísseis guiados por infravermelho.

Os horários mais utilizados para as missões de ataque são o nascer e o pôr do sol, nas rotas leste-oeste, com o sol nas costas da aeronave atacante. Tal medida visa dificultar a observação visual, podendo ser eficiente contra mísseis portáteis que necessitam de um determinado ângulo de tiro em relação ao sol para disparar. Além disso, ao amanhecer os pilotos inimigos estão mais descansados e suas Aeronaves reparadas, com tanques plenos e totalmente armadas.

O número de aeronaves atacantes varia de acordo com a capacidade das Aeronaves e a missão a cumprir. Atualmente, a unidade tática básica, isto é, aquele número mínimo de Aeronaves capazes de cumprir uma determinada missão, é a esquadrilha, composta por 4 (quatro) Aeronaves. Há estudos para a diminuição deste número à medida que os novos projetos se refinam tecnologicamente. Um exemplo disto é o F - 117 NIGHTHAWK, que realiza seus ataques sozinho. Contudo, em relação a Aeronaves convencionais, dificilmente haverá uma atacante.





O ataque a baixa altura é um tipo de incursão executada praticamente por todas as forças  aéreas. Nela, as aeronaves voam muito baixo, chegando a voar a 50 m de altura, junto a copa das árvores, aproveitando-se das dobras do terreno, como vales e ravinas, para se furtar à detecção e aos caças inimigos, obtendo, deste modo, o máximo de surpresa possível numa situação de equilíbrio aéreo. A navegação é feita até um ponto nítido no terreno, conhecido como ponto inicial (Pl), situado entre 3 (três) e 5 (cinco) min de vôo (cerca de 45 a 75 km) do objetivo. A partir do Pl, as aeronaves atacantes aproam diretamente para a área do alvo.





O ataque a média altura é de privilégio de poucas forças aéreas, pois são necessárias duas condições básicas para sua execução.

  • A primeira delas é de ordem tática: a certeza da obtenção e manutenção da superioridade aérea, não mais contando o inimigo com seus esquadrões de interceptação ou artilharia antiaérea de média altura.
  • A segunda diz respeito ao grau tecnológico das aeronaves atacantes que necessitam de computadores de bordo aptos a realizarem os cálculos de tiro continuamente (função CCIP -” CALCULED CONTINUOUS IMPACT POINT) e aparelhos de pontaria adequados. Normalmente, os ataques a média altura têm sua eficácia aumentada pelo uso de bombas inteligentes. Em média, o mergulho é iniciado a uma altura de 4.500 m (podendo estar a alturas maiores), ficando a recuperação a, no mínimo, 3.000 m, com o intuito de fugir do envelope de emprego da artilharia antiaérea de baixa altura. Esta tática de ataque foi utilizada com sucesso nos ataques aéreos a BAGDÁ na Guerra do GOLFO.



O ataque “STAND - OFF” é uma tática de ataque que está se tornando objeto de aperfeiçoamento constante por diversas forças aéreas. Nesta situação, a aeronave atacante realiza o lançamento de seu armamento fora do envelope de emprego da artilharia antiaérea, como forma de minimizar o engajamento de suas aeronaves, evitando assim perda de pilotos e conseqüente influência negativa na opinião pública de seus países.



Porém, este tipo de ataque requer aviônicos sofisticados para navegação, localização dos alvos e direcionamento dos sistemas de armas. 



Estes, constituem-se de mísseis superfície-ar, de alcance cada vez maior, e bombas guiadas que são lançadas cada vez mais longe e de qualquer posição que a aeronave se encontre, não necessariamente em ângulo de mergulho, após uma penetração a baixa altura. Isto permite uma exposição mínima dos atacantes e melhor aproveitamento do terreno para sua evasão.


Os ataques com defasagem entre aeronaves no momento do ataque é utilizada com o intuito de evitar que uma determinada aeronave adentre o envelope de fragmentação das bombas lançadas pela aeronave antecessora.

Deste modo, a defasagem pode acontecer de três maneiras:

  • Defasagem lateral: Nesta situação, as aeronaves atacantes estarão dispostas lateralmente, numa distância variável, de acordo com o envelope de fragmentação das bombas utilizada.
  • Defasagem em altura: Tal qual a anterior, a defasagem aqui é feita por uma diferença de altura entre as aeronaves atacantes, onde a primeira ataca na altura mais baixa possível.
  • Defasagem temporal: Nesta modalidade, as aeronaves estão atacando vindas de uma mesma direção, havendo uma diferença de 25 a 30 segundos entre duas aeronaves subsequentes.

Ataques a qualquer tempo e durante a noite são utilizados procurando se furtar cada vez mais ao engajamento por meios aéreos e antiaéreos. As aeronaves atacantes passaram a buscar a escuridão da noite e as condições meteorológicas adversas para aumentar sua amplitude de atuação. Já na década de 60, durante a Guerra do VIETNÃ, as aeronaves norte-americanas A6 “lntruder” realizavam missões de ataque ao solo desta maneira. Contudo, a atuação sob estas condições depende da sofisticação dos aviônicos de bordo e de acurado adestramento das equipagens de combate.


No ataque a qualquer tempo ou em condições meteorológicas adversas, uma aeronave atacante terá que, primeiramente, navegar praticamente por instrumentos. Isto inclui o uso de sistemas que se complementam tais como de navegação inercial, GPS, radar-altímetro (que permite a obtenção constante da altura de vôo), radar topográfico (que permite a realização do mapeamento do terreno) e o uso de cartas digitalizadas que permitam a introdução de missões pré-planejadas nos computadores de bordo. Além disso há a questão da localização e pontaria para o alvo, que poderão ser feitas por um radar de bordo de alta resolução, sensores infravermelho e laser.

O ataque noturno requer, além das condicionantes anteriormente expostas, o uso intensivo de sensores infravermelho que gerem uma imagem térmica do alvo, como é o caso do FLIR (Forward Looking lnfra-Red), permitido assim, que o piloto “veja” sua rota de navegação e o alvo a atacar com um grau de nitidez considerável.



A supressão de Defesas Antiaéreas é uma das modalidades de ataque ao solo. As defesas antiaéreas constituem-se um alvo de grande valor para a aviação. Num objetivo defendido por artilharia antiaérea, a missão de supressão certamente antecederá o ataque propriamente dito. Para a execução deste tipo de missão, o inimigo aéreo utilizará, em primeiro lugar, mísseis antiradiação contra os radares antiaéreos. Para este ataque, podem ser utilizadas bombas incendiárias e de feixe, valendo-se da surpresa proporcionada pelas primeiras e do tamanho da área atingida, proporcionada pelas segundas. Muitas forças aéreas possuem esquadrões especializados neste tipo de missão.

O ataque de diferentes direções visa confundir as defesas antiaéreas, inclusive com a utilização de fintas. As Aeronaves atacantes podem vir de diferentes direções simultaneamente e, de acordo o objetivo, utilizar-se de armamento diferenciado com suas respectivas técnicas de ataque. Tomemos como exemplo uma ação contra uma base aérea, onde existem pontos-chave como pista, pátio de estacionamento, hangares e estação de radar, batidos por diferentes formações.


AERONAVES DE ASA ROTATIVA

Os helicópteros são vetores de combate extremamente versáteis, presentes em qualquer conflito moderno. Fruto disto, seguem-se algumas de suas táticas:

Influência do terreno: Geralmente, o terreno não se constitui num problema para o helicóptero. Quando do planejamento de uma missão, o terreno será explorado em todos os seus aspectos que provejam cobertura e surpresa para aproximação do alvo. Elevações, vales, ravinas, vegetação e outras dobras naturais constituem-se em cobertura ideal. Linhas de transmissão de alta tensão ou outros tipos de cabos suspensos constituem-se em sério obstáculo. Obstáculos naturais ou artificiais influenciam nas técnicas e táticas a serem utilizadas, além do ângulo e distâncias ideais para a utilização do armamento. Por exemplo, se o terreno obriga o helicópteros a se expor por um determinado período, sua tripulação terá de adotar procedimentos específicos, enquanto estiver descoberto.

Perfis de voo: Estes utilizam-se do terreno, vegetação e outros objetos para minimizar ao máximo a detecção, melhorando a probabilidade de sobrevivência do helicóptero. São divididos da seguinte maneira:


O voo a baixa altura é realizado numa altura pré-selecionada que minimize a chance de detecção ou observação entre o ponto de partida até o ponto de destino da aeronave. O padrão de voo obedece a uma velocidade e altura constantes de 30 a 150 m, podendo ser sempre empregadas em missões e em ambientes de grande ameaça.

O voo de contorno é executado a baixa altura com o helicóptero seguindo o contorno do terreno, muito próximo ao mesmo. É caracterizado pela variação de velocidade e altura, determinadas pela topografia natural, vegetação e obstáculos.

    O voo de combate também conhecido como “NOE (Nap of the Earth) flight”, é executado tão próximo do solo quanto permitido pela vegetação e obstáculos, geralmente seguindo o contorno do terreno. O piloto utiliza-se de rotas irregulares e desenfiadas, dentro de um corredor pré-planejado, tirando o máximo proveito da cobertura do terreno.

    No voo desenfiado o helicóptero de ataque permanece oculto por elevações ou vegetação, num determinado ponto, à espera de veículos que se desloquem por um eixo previamente conhecido. No momento de sua passagem, eles realizam o engajamento, obtendo a máxima surpresa possível, ao elevar-se de sua posição.

    domingo, 21 de abril de 2013

    A Vantagem das Aeronaves ‘Stealth’ em Operações de Bombardeio 082


    penetration 1

    Publicado no site Poder Aéreo em 02/02/20120 por Alexandre Galante
    No gráfico acima, uma operação típica de ataque de penetração com bombardeiros B-1B. A primeira barreira é o AWACS inimigo que poderá detectar os bombardeiros e alertar as defesas. Se conseguirem passar pelo AWACS sem alertá-lo, os B-1B ainda terão que passar pelos radares terrestres e de direção de tiro dos mísseis antiaéreos (SAM). Fatalmente alguns bombardeiros serão abatidos.
    No gráfico abaixo, o mesmo cenário tático, mas com bombardeiros “stealth” B-2. Graças à sua baixíssima RCS, o alcance dos radares inimigos fica bastante diminuído, possibilitando aos B-2 evadirem-se do AWACS e penetrarem nos buracos criados nas defesas. Os B-2 passam entre os SAM para atingirem seus alvos.
    penetration 2

    Armas usadas pela Aviação #081



    As aeronaves de combate, por mais modernas e sofisticadas que sejam, são apenas vetores de sistemas de armas, sendo estas os verdadeiros atuadores dos campos de batalha modernos. Cabe as aeronaves militares servirem de "burros de carga" a sua carga mortal, colocando-as dentro de seus envelopes de atuação e em muitos casos apoiando seu endereçamento até os alvos. As modernas armas aéreas de nada valem sem o apoio de suas aeronaves lançadoras, assim com estas aeronaves são apenas máquinas sofisticadas e tributos à engenharia, se não dispuserem de sistemas de armas viáveis e capazes de atuar no exigente campo de batalha moderno.

    os tempos modernos colocaram a disposição da aviação de combate um variado arsenal, que equipam cada unidade de acordo com a a missão que pretendem cumprir. Armas tradicionais continuam a ser usadas como bombas de queda livre e metralhadoras, porém ao lado de moderníssimos mísseis e bombas dirigidas cada qual especificamente projetados para atingir um alvo em particular, ou que tenham características semelhantes.





    Canhões e Metralhadoras

    Canhões e metralhadoras são armas de tiro tenso utilizados pela aviação desde os seus primórdios. Permanecem em atividade desde a primeira grande guerra, e tentativas de eliminá-los tiveram que ser revistas, como no caso do caça F-4 Phantom II que teve que incorporar um canhão depois de estar em serviço. São utilizados para emprego geral contra alvos de pequenas dimensões com pouca ou nenhuma blindagem, tais como tropas desabrigadas, viaturas, depósitos de combustível e munição, e também contra outras aeronaves.



    As metralhadoras atualmente estão restritas ao uso por helicópteros que as montam lateralmente para apoio a tropas em terra e aeronaves de baixa performance que destinam-se ao combate anti-guerrilha. Geralmente são derivadas de modelos utilizados pela infantaria. São montadas nas asas ou no nariz e possuem alcance limitado obrigando a aproximação do alvo. Os Canhões aéreos as substituiram com vantagens nas aeronaves de maior performance, disponibilizando maior poder de fogo e armas especificamente projetadas. Geralmente calçam calibres de 20 a 30 mm e elevada cadência de tiro. Merece destaque o canhão Avenger de 30 mm usado no A-10 Thunderbolt especializado no fogo anticarro, sensivelmente mais volumoso e potente que os demais canhões de 30 mm.





    Mísseis e Foguetes


    Mísseis e foguetes vieram substituir os canhões e metralhadoras na maioria se usos, deixando para estes o chamado emprego geral ou que não justifique o emprego de armas mais caras e sofisticadas. São utilizados contra alvos que exijam um maior esforço para que sejam atingidos, como aeronaves que são extremamente fugazes, alvos especiais como aqueles fortemente blindados, bombardeios a grandes distâncias e fogo que exija muita precisão. os mísseis diferem dos foguetes pelo fato de poderem modificar suas trajetórias durante o voo, corrigindo sua pontaria.



    Os mísseis propiciaram as aeronaves de bombardeio a capacidade de fazê-lo a grandes distâncias e elevadas altitudes, resguardando a segurança da aeronave lançadora, além de aumentarem em muito a probabilidade de acerto em relação a sistemas convencionais. Utilizando-se de variados sistemas de guiagem como o laser, o infravermelho, o radar, os sinais de TV e os comandos por fio por exemplo. São construídos de acordo com a finalidade que se busca alcançar como os modelos anticarro, anti-radar, anti-aeronave, anti-navio, anti-submarino, anti-fortificação, de cruzeiro para bombardeio a grandes distâncias e outros.




    Os foguetes são sistemas mais baratos que os mísseis e amplamente utilizados para ataque ao solo. Utilizam-se de variados calibres como os de 70 mm, por exemplo. São disparados em salvas e tem efeitos similares a bombardeios de artilharia.

    Bombas Aéreas

    São sistemas mais potentes que os foguetes por demandarem maior peso e carga explosiva, porém mais baratos que os mísseis, não possuin propulsão prórpia e capacidade de cruzeiro. São as armas aéreas mais comuns e vem sendo empregadas desde a Primeira Guerra Mundial. São empregadas por aeronaves da asas fixa e contra diversos tipos de alvos, principalementer de grandes dimensões ou que exijam grande poder de penetração, como instalações e bunkers, e sua precisão varia de acordo com o método de lançamento, o sistema de pontaria e o tipo de bomba utilizado. Podem ser de queda livre, de feixe, freadas, incendiárias e inteligentes, entre outras.




    As bombas de queda livre foram as primeiras e são as mais simples de se produzir e operar. De variados tamanhos e poder de destruição, são empregadas contra alvos de grandes dimensões, tais como: veículos blindados, edificações, fortificações, viadutos, pontes concretadas, estradas de ferro etc, sendo liberadas em ataques a média e baixa alturas.

    As bombas de feixe ou cacho são artefatos que possuem em seu interior uma determinada quantidade de submunições, sendo arremessadas sob forma de feixe, com o intuito de saturar uma determinada área, geralmente de grandes dimensões. De acordo com o tipo, podem lançar munição de efeito instantâneo, retardado e minas terrestres. Têm, como alvos preferenciais, tropas em reunião (mesmo protegidas por vegetação ou tocas) , instalações não fortificadas (depósitos, PC etc), viaturas levemente blindadas etc. 



    As bombas freadas nada mais são que bombas de queda livre, equipadas com um dispositivo de freagem do tipo placas de arrasto, aletas ou paraquedas que se abrem no momento do lançamento. Tal recurso permite que aeronaves executem bombardeios a baixa altura, em altitudes de no mínimo 50 m, com ótima precisão e fora do envelope de fragmentação da bomba. De acordo com o tipo, podem ser empregadas contra os mais diversos tipos de alvos como: instalações fortificadas, veículos blindados, estradas de ferro, pontes, viadutos, sendo ideais contra pistas concretadas de aeródromo. 




    As bombas incendiárias são compridas e cilíndricas, sendo constituídas de tanques de alumínio de revestimento fino, cheio de gelatina incendiária. Embora o termo “Napalm” seja comumente utilizado para identificar este tipo de bomba, o Napalm é, na verdade, um tipo de mistura de enchimento, que foi muito utilizada na Guerra do VIETNÃ pelo exército norte-americano. São eficazes contra qualquer tipo de alvo que possa ser avariado por calor intenso, exceto os de estrutura pesada, como: depósitos de combustível, tropas em reunião, viaturas, posições de artilharia etc. São muito utilizadas em missões de supressão de defesa antiaérea, para a neutralização de UT, aproveitando-se da surpresa proporcionada pela técnica de ataque empregada de bombardeio rasante.




    As bombas inteligentes também chamadas de bombas guiadas, são usualmente bombas de queda livre, equipadas com um dispositivo de guiamento. Este, composto por um sensor que segue a reflexão de um feixe de raio laser, que ilumina um determinado alvo, modificando assim a trajetória da bomba, através de aletas de estabilização, que garantem o planeio da bomba até o alvo. O iluminador pode estar colocado na aeronave lançadora, numa acompanhante ou em terra. Tais características permitem que as bombas inteligentes possam ser empregadas contra alvos ponto com extrema precisão e serem lançadas cada vez mais longe e de qualquer posição que a aeronave se encontre, não necessariamente em ângulo de mergulho, possibilitando ainda, ataques a média altura com a mesma precisão. Existem ainda, as bombas guiadas por dispositivos optrônicos, como a TV. 



    Restrita a um menor número de forças aéreas existem ainda os mísseis e bombas nucleares, que podem ser táticas (pequena potência) ou estratégicas (alta potência), artefato com altíssimo poder de destruição e que podem ser lançadas por aeronaves em queda livre ou como componente da cabeça de guerra de mísseis balísticos e de cruzeiro.

    Torpedos

    Torpedos são armas subaquáticas que podem ser lançadas de helicópteros e aeronaves de patrulha marítima. Geralmente os modelos aero-lançados são menores que aqueles utilizados por submarinos. São empregados no combate anti-submarino, já que o fogo antinavio tende a ser mais eficaz com a utilização de mísseis, mais rápidos e de maior alcance.



    domingo, 14 de abril de 2013

    Comunicações Militares - Aspectos Gerais *080



    Comunicações militares são o conjunto de meios e procedimentos que visam proporcionar às forças armadas que as operam, as necessárias ligações informacionais entre seus diversos operadores, e seus respectivos centros de comando e controle (C2). Os subsistemas operados pelos sistemas de comunicações militares visam coletar, processar, disseminar ou agir sobre a informação em tempo real de forma que cada operador receba e transmita a informação necessária de forma válida. Estes sistemas devem contar com elevada funcionalidade de transmissão, acesso e compartilhamento da informação. Uma informação tardia pode não ter valor algum, sendo a informação um produto altamente perecível. Uma força em operação, privada de seus meios de comando e controle (C2), é uma força sem efetividade, mesmo que esteja com seu poder de combate totalmente íntegro, pois não saberá o que fazer após cumprir as missões já designadas, nem receber orientações de adequação de missão, invariavelmente presentes em todas as situações. Como disse Helmuth von Moltke, "Nenhum plano de batalha sobrevive ao contato com o inimigo".



    Operações militares são atividades complexas e de alto risco, envolvendo interesses grandes e sensíveis, que exigem grande capacidade de planejamento, comando, controle e coordenação. Muitas das operações envolvem composições combinadas de forças aéreas, terrestres, navais, agências civis e de outras nacionalidades. Estas forças de natureza diversa e que respondem a cadeias de comando distintas devem agir harmonicamente, potencializando suas capacidades. Meios modernos de combate possuem grande mobilidade e se deslocam a grandes velocidades, seguindo planejamentos centralizados por comandos únicos, cuja execução deve ser descentralizada e sincronizada, seguindo decisões rápidas baseadas em informações que fluem constantemente através das diferentes cadeias de comando, fruto de uma constante e fluida reconfiguração da situação, que exigem correções de rumo e readequações nos planos originais a todo momento.



    O Comando e Controle (C2) é uma atividade fundamental para as operações militares. Como atividade especializada, sua execução será baseada em uma concepção sistêmica, com métodos, procedimentos, características e vocabulário que lhe são peculiares, envolvendo, basicamente, 3 componentes, que possuem interação intensa com as comunicações: O comando, apoiado por uma organização da qual emanam as decisões que materializam o exercício da tomada de decisão e para onde fluem as informações necessárias ao exercício do controle; a sistemática de um processo decisório, que permite a formulação de ordens, estabelece o fluxo de informações e assegura mecanismos destinados à garantia do cumprimento pleno das ordens; e a estrutura física e doutrinária, incluindo pessoal, doutrina, tecnologia e equipamentos necessários para o comando e seus estados maiores acompanharem o desenvolvimento das operações.

    Para tanto, sistemas de comunicações confiáveis de alta capacidade de tráfego são necessários, permitindo a transmissão de mensagens e dados em tempo real e de forma segura, pois as atividades de inteligência do inimigo estarão em constante monitoramento, e sempre reagirão ativa ou passivamente a transmissões interceptadas.

    Aos comandantes é vital saber a todo momento o que o inimigo está fazendo e planejando, seus movimento e atividades, as alterações no clima e no terreno que influenciem suas operações ou que possam ser aproveitadas a seu favor, a situação de suas próprias forças e outros fatores relevantes; sempre em tempo real para que possam decidir de forma efetiva e implementar alterações nos planos operacionais necessárias e que se façam efetivas e oportunas, procurando direcionar as forças de forma a maximizar sua segurança em combate e em melhores condições de alcançar seus objetivos com o menor custo militar possível.



    As comunicações militares devem ser capazes de operar em tempo integral, dia e noite, sob quaisquer condições atmosféricas e em ambiente eletronicamente hostil, sob pena de interrupção nas operações por falta de ligação de comando. Ligações do todo o tipo podem ser necessárias, como as terra-ar/ar-terra a fim permitir que aeronaves apoiem as tropas em terra, ligações entre a tropa apoiada e os meios de apoio de fogo permitem sua coordenação e efetividade,  ligações entre as tropas em geral e os meios de apoio logístico permitem o suporte em tempo real, correções de rumo e alterações de ordens são possíveis graças a ligação entre comandantes e as tropas em manobra. A coordenação do espaço aéreo disciplinando o tráfego de aeronaves evita colisões e dinamiza o fluxo, A coordenação entre aviação de caça em defesa de espaço aéreo e artilharia antiaérea evita o fratricídio e permite a coordenação da defesa, satélites permitem a ligação a grandes distâncias ao nível global bem como contribuem para o sigilo de ligações locais. Meios computacionais com criptografia digital, aliados a protocolos de exploração de comunicações, contribuem para a autenticação, precisão e agilidade das ligações, bem como para a segurança e sigilo do sistema.

    A rapidez no desdobramento de meios devem sempre ser buscados, bem como a adequação das redes. O desdobramento dos sistemas de comunicações devem seguir às prioridades de ligação e serem expandidos paulatinamente a medida que o tempo permita. Sistemas prioritários devem ser desdobrados antes de sistemas auxiliares ou de prioridade mais baixa. Economia de meios e simplicidade devem ser buscados sempre. Podem ser empregados sistemas via rádio, com maior flexibilidade quanto a mudança de posição, em situações em que a mobilidade se mostrar fator prioritário ou as distâncias forem muito grandes (enlaces orbitais por exemplo), e sistemas com fio (cobre, fibra ótica, etc...) que garantem maior segurança e sigilo, porém com o sacrifício da mobilidade, mais adequando a desdobramentos menos móveis, como áreas de retaguarda ou dispositivos de ocupação do terreno de natureza mais permanente. 

    Sistemas de comunicações não devem ser monolíticos, sempre procurando a flexibilidade necessária à integração a outros sistemas aliados. Assim cada unidade estabelece o seu, que se liga ao do escalão superior, que se liga ao de outras forças, que por sua vez se ligam também em todos os níveis aos de outras nacionalidades operando em conjunto, que se liga a bases recuadas muitas vezes a milhares de quilômetros de distância. Estes sistemas utilizam-se de equipamentos de procedência diversas e protocolos diferentes que devem ser capazes de se comunicar entre si, fator que deve ser previsto em qualquer operação.


    As comunicações devem ser mantidas o tempo todo a qualquer, custo pois delas dependem a continuidade das operações. Devem ser desdobradas em profundidade e ter seu espectro de linhas e frequências bem definidos e planejados de forma a evitar interferências e ligações desnecessárias. Estes sistemas devem ser confiáveis e sempre que possíveis redundantes, de forma a diminuir sua vulnerabilidade a interrupção.

    Os meios de comunicações devem seguir um planejamento centralizado, sempre operando de forma integrada, potencializando sua efetividade e reduzindo suas vulnerabilidades. Quanto menor forem as distâncias, mais eficientes tendem a ser as ligações. Postos de retransmissão e outros intermediários devem ser evitados sempre que possível.

    Segurança das comunicações

    As comunicações devem ser seguras, pois o inimigo sempre estará vigilante procurando interferir passiva ou ativamente nelas. Equipamento adequado, mensagens criptografadas e autenticadas, disciplina na operação, utilização de senhas e mensagem cifrada, entre outras práticas devem ser buscadas, sempre seguindo a um plano geral de exploração. Todo sistema de comando e controle (C2) tem sua efetividade diretamente dependente da eficácia do sistema de comunicações que lhes serve, o que faz deste sistema um alvo prioritário ao assédio inimigo que busca informações através das atividades de guerra eletrônica (EW). A EW através das medidas de apoio eletrônico (MAE/ESM) buscam interceptar, monitorar registrar, localizar e analisar os sistemas de comunicações inimigos; assim como nos momentos que julgam adequados, através das contra-medidas eletrônicas (CME/ECM) interferir e induzir ao erro as operações dos sistemas do oponente, e em algumas situações destruí-los fisicamente. Dificultar as atividades de comando e controle e mesmo neutralizá-las, faz parte constante dos interesses do inimigo e sua capacidade de empreender tais ações devem ser sempre considerada e prevenida. Práticas de EW e operação de sistemas de comunicações estão intimamente interligados, assim como a operação de sistemas cibernéticos.



    Sistema Estratégico de Comunicações

    Um sistema estratégico de comunicações tem por objetivo o estabelecimento das ligações de longa distância, dentro do território pátrio, para o atendimento das necessidades administrativas, estratégicas e operacionais uma força armada, podendo prestar apoio a qualquer escalão operando no além-fronteiras. Para tanto, este sistema deve dispor de meios de grande versatilidade para o estabelecimento das ligações, como uma rede Corporativa Privativa, redes rádio de grande alcance e a redes Integrada de dados. Redes administrativas podem operar utilizando plataforma comerciais, sempre preservando a segurança necessária, e redes rádio de emprego estratégico/operacional podem suprir necessidades administrativas na transmissão de dados em caso de indisponibilidade das primeiras. Toda a infraestrutura de emprego estratégico/operacional deve ser instalada, manutenida e gerenciada por profissionais integrados à força. Estas redes devem, sempre que possível, contar com sistemas de comunicações por satélites, a fim de suprirem ligações a grandes distâncias e preservar a independência e integridade da rede.





    Sistema Tático de Comunicações

    Um sistema tático de comunicações é o conjunto de meios de comunicações e informática pertencentes as unidades operacionais, destinado ao preparo e emprego de tropas. Sua utilização, portanto, se dá em missões de adestramento ou em operações reais. Pode-se dizer que possui enlaces com menor capacidade e maior mobilidade. Geralmente é integrado por subsistemas de rádio de combate e é utilizado para a transmissão de voz em operações de guerra, ou seja, em áreas geograficamente afastadas das instalações físicas permanente da força que consequentemente, devido ao ambiente ser desconhecido e hostil, não permite a instalação de infraestrutura como antenas de retransmissão. Possuem pequeno alcance, alta mobilidade e grande facilidade de instalação. Devido ao ambiente hostil, é utilizado com restrição e, portanto, possui baixo tráfego de dados. Os subsistemas de rádio troncalizados são utilizados para a transmissão de voz em operações de não guerra, ou seja, em áreas urbanas e, geralmente, próximas às instalações permanentes. Necessita da utilização de infraestrutura, como antenas de retransmissão existentes, próprias ou cedidas em apoio a operação. Possuem grande alcance, alta mobilidade e grande volume de tráfego. Os subsistemas de dados não são um subsistema físico e sim um subsistema lógico e utiliza a infraestrutura física do subsistem de rádio de combate ou troncalizado, dependendo do tipo da operação. É utilizado para a transmissão de dados em operações tanto de guerra quanto de não guerra. Este subsistema visa dar suporte ao acompanhamento das operações em tempo real, preconizado pelas atividades de comando e controle (C2). A maioria dos seus requisitos variam em funções do tipo de operação no qual está sendo utilizado. Em operações de guerra, possui alcance, mobilidade e facilidade de instalação semelhantes ao subsistema rádio de combate. Em operações de não guerra, estes requisitos são semelhantes ao sistema de rádio troncalizado. Entretanto, em virtude deste subsistema dar suporte as atividades de comando e controle (C2), possui nos 2 tipos de operações grande volume de dados. A infraestrutura do Sistema tático também varia em função da operação, principalmente da área geográfica desta. Estes 3 subsistemas geralmente, possuem a mesma arquitetura.

    Guerra Centrada em Redes (NCW)

    A guerra centrada em redes é a última palavra em sistemas de comunicações militares. Ela prevê que todos os atores presentes em um teatro de operações estejam constantemente ligados, por meios cibernéticos de forma a proporcionar a todos, comando a tropa, uma consciência situacional constante e em tempo real.

    A seguir descrevemos um sistema simplificado que visa a ilustrar o conceito:

    Todos os operadores em um teatro de operações, desde um soldado de infantaria até uma aeronave AEW ou outra, carregam consigo algum tipo de sistema de comunicações capaz de tratar dados. O soldado, por exemplo, porta um microcomputador dotado de ligação "wi-fi" (enlace de dados) com sua rede local. Estes sistemas estão acoplados a um localizador tipo GPS ou outro similar, câmeras de vídeo e infravermelho e outros sistemas como microfones ou detectores de radiação, por exemplo, entre muitos outros. Um soldado da infantaria teria uma câmera acoplada ao seu fuzil (a câmera aponta para onde o fuzil aponta), de forma que seu comandante de pelotão poderia, através do enlace "wi-fi" do terminal deste soldado, visualizar as imagens desta câmera, pelo localizador saber a localização exata do soldado e através de um sensor de disparos saber quanta munição ele ainda tem, por exemplo, bem como de todos sobre seu controle.



    Este comandante visualizaria além dos dados vindo dos soldados sob seu comando, um mapa dinâmico mostrando cada um dos integrantes de seu pelotão sobreposto a um mapa do terreno, além de informações adicionais sobre o terreno em questão, fornecidas por um computador central que fossem pertinentes a situação atual. Isto lhe permitiria tomar decisões em tempo real sobre a situação. Seu terminal também poderia oferecer consultas sobre o equipamento do inimigo e sua disposição no terreno, alimentada por cada observador. Cada um dos soldados poderia inserir no sistema informações adicionais que viesse a visualizar, como posições de metralhadoras, mísseis anticarro e outras com que se deparasse. Estas informações apareceriam instantaneamente no terminal do comandante de pelotão e nos escalões superiores se estes assim o desejassem, com as informações devidamente filtradas, exibindo apenas o que interessar a cada escalão. Este comandante poderia também, por exemplo, inserir em seu terminal um pedido de apoio de fogo ao seu pelotão, que refletiria imediatamente no terminal de um CCAF (centro de coordenação de apoio de fogo) de artilharia, que por sua vez demandaria uma missão de tiro pelas baterias em campo, ou um bombardeio pela aviação do exército, aviação de apoio aproximado ou por meios navais, por exemplo. À medida que este pelotão consome sua munição, um alerta de ressuprimento pode ser gerado automaticamente no terminal da turma de ressuprimento da companhia de comando e serviços, que poderá providenciar o remuniciamento sem que ninguém intervenha ou requisite. Explanamos aqui apenas um pequeno exemplo do funcionamento da NCW, que se comporta da mesma forma em todos os escalões. 

    Cada comandante superior teria acesso a todas as informações que seus subordinados tivessem desde um quadro geral da situação como as imagens da câmera de um soldado em particular, e assim sucessivamente. A medida que os escalões subissem de nível sistemas computacionais agregariam estas informações de forma inteligível de forma a não sobrecarregar os terminais dos comandantes de batalhão, brigada, etc...  Cada sistema receberia automaticamente as informações que mais lhe interessam: o CCAF os pedidos de apoio de fogo, os encarregados do suprimento o que e onde entregar e em quais quantidades, os comandantes táticos os pedidos de reforço ou apoio tático e os mapas dinâmicos mostrando a situação tática conforme elas se modifica, os controladores de estoque as quantidades e serem repostas nos depósitos, e assim por diante, cada operador estando atualizado em tempo real sobre suas demandas, possibilidades e limitações.



    Aeronaves de apoio aproximado saberiam exatamente onde está a tropa amiga em tempo real, seus pares e o inimigo, posição esta fornecida por radares em terra, pelos radares de outras aeronaves e pelos sistemas localizadores (GPS ou similares) alimentados no sistema por todos. Baterias de artilharia teriam sua posição plotada em suas pranchetas eletrônicas instantaneamente, bem como a de seus alvos em informação vinda do CCAF, podendo fazer fogo de pronto, com soluções de tiro que são recalculadas a todo momento, com cada peça capaz de operar independentemente ou em conjunto com a bateria.

    Comandantes de companhia e batalhão teriam em seus postos de comandos terminais com mapa dinâmicos mostrando os movimentos de seus comandados em tempo real, as informações que estes inserissem no sistema e aquelas previamente conhecidas, tudo integrado, filtrado e reduzido apenas ao que interessa.

    Aviação do exército, aviação de apoio aproximado da força aérea, forças navais, forças de intercepctadores aéreos e sistemas de AEW, forças de infantaria e cavalaria, sistemas logísticos e de retaguarda, tropas de engenharia e postos de comando, todos teriam suas posições e capacidade constantemente processadas por um sistema central e sistemas menores e redundantes, de forma que cada informação esteja disponível a quem estiver autorizado a acessá-la e a necessite. Assim, por exemplo, cada fuzil pode contar quantos disparos fez e informar ao sistema, de forma que as redes de suprimento podem estimar qual tropa precisa de reabastecimento de munição a cada momento, cada viatura informar quanto tem de combustível, isto o tempo todo, etc...



    As possibilidades de sistemas como o exemplificado acima, de forma genérica é claro, são incontáveis e as possibilidade de comando e controle decorrentes de tal fluxo de informações, trazem ao campo de batalha uma nova perspectiva na gestão operacional e administrativa do combate moderno.

    As comunicações militares são operadas por todos os combatentes e unidades, aeronaves, veículos e belonaves, existindo unidades especializadas na sua exploração, na forma da criação de redes nos teatro de operações e instalações fixas de caráter permanente.



    sábado, 13 de abril de 2013

    Guerra Assimétrica #079




    Gen Ex CARLOS ALBERTO PINTO SILVA
    EXÉRCITO BRASILEIRO


    Guerra Assimétrica não é somente a guerra do fraco contra o forte: é a introdução de um elemento de ruptura, tecnológico, estratégico ou tático, um elemento que muda a ideia preconcebida; é a utilização de um ponto fraco do adversário. 

    Não existe, pois, conflito armado assimétrico somente pela desigualdade entre os adversários, senão quando os adversários adotam formas de combate diferentes em sua concepção e desenvolvimento. Em termos operacionais, então, a assimetria(entendida como desbalanceamento) “deriva-se de uma força empregando novas capacidades, que o oponente não percebe, nem compreende, nem espera: capacidades convencionais que sobrepujam as do adversário ou que representam novos métodos de ataque e defesa”. 

    É a guerra da infantaria realmente leve, que possa se mover para mais longe e mais rapidamente por terra que o inimigo, que tenha um repertório tático completo (não apenas manter o contato e solicitar apoio de fogo), que possa lutar com suas próprias armas (ao invés de depender de armas de apoio) e que se mantenha com o mínimo de apoio logístico. 

    A convicção moral e a eficiência militar convencional sozinhas não nos permitirão compreender e combater a ameaça que ataca a sociedade e as suas estruturas operacionais. Portanto, é essencial uma definição diferente de nível de adestramento e unidades com pessoal treinado e equipado para adaptação a novas tarefas operacionais inopinadas.

    Derrotar estas novas ameaças exige a adequação de nossos sistemas decisórios para operações e a reorganização de nossas estruturas para as necessidades da Inteligência (obtenção e consolidação). Requer equipes híbridas de pensadores, cientistas e profissionais militares escolhidos, trabalhando juntos sob pressão. Depende de combinar a atuação das diversas agências de inteligência, com acesso ao ambiente operacional, considerando isto como assunto de interesse nacional.



    REFLEXÕES SOBRE O EMPREGO DA FORÇA TERRESTRE NA GUERRA ASSIMÉTRICA . 

    1. Não existe inimigo emassado, contra o qual possamos aplicar todo o poder de combate que a FTer pode dispor. A FTer não poderá ser empregada para romper um inexistente desdobramento inimigo, destruir ou neutralizar forças inimigas e dominar um terreno chave, materializando objetivos em um determinado espaço geográfico. 
    2. O emprego do fogo em massa, ou a ação contundente, rápida e profunda das formações blindadas perdem protagonismo. 
    3. A atuação da FTer será fundamental na luta contra um inimigo que empregue o procedimento do tipo guerrilha, contudo contra a subversão e o terrorismo seu papel haverá de ser de apoio às atividades das Forças de Segurança Pública. 
    4. Devemos considerar a possibilidade de que a FTer, além de ter as capacidades militares clássicas, deve adquirir outras, mais “civis”, que a permita adaptar-se à conjuntura da Guerra de Quarta Geração ou Assimétrica. 
    5. Na conjuntura da Guerra de Quarta Geração ou Assimétrica, trata-se de resolver situações sociais e culturais complexas em um ambiente hostil, as quais requerem uma preparação e métodos de execução diferentes dos que tradicionalmente têm sido empregados. 
    6. Combate e Manobra: Isolar o inimigo eletronicamente e fisicamente. - Realizar patrulhas, infiltrações, emboscadas, cercos etc. - Máximo protagonismo de armas inteligentes de precisão. 
    7. Defesa Aérea:   A utilização pelos terroristas de aeronaves (e mísseis) que explodem contra um objetivo de alto valor psicológico, nos leva à necessidade de estabelecer normas para Defesa Aérea que estabeleçam as formas de localização, acompanhamento, controle e, se for o caso, derrubada dessas armas. 
    8. Apoio de Fogo:   No combate assimétrico, as ações de fogo haverão de ser: de precisão, seletivas, e, fundamentalmente, efetuadas de plataformas aéreas, tripuladas ou não, utilizando projéteis guiados.
    9. Inteligência de Combate:   Potencializar todos os órgãos de informações, tanto civis como militares, com maior protagonismo da contra-inteligência, inteligência cultural e atividades de obtenção através de fontes humanas e de sinais.
    10. Comunicações:  Com três componentes: Comando e Controle, Informações Públicas e Operações Psicológicas. Guerra Eletrônica Segurança das Comunicações e Dissimulação 
    11. Mobilidade, contramobilidade e proteção:   As atividades associadas à mobilidade, contramobilidade e proteção têm escassas possibilidades de emprego no conflito assimétrico. Assim, as ações se concentram, fundamentalmente, no flanqueamento de obstáculos, constituídos por massas de minas em pontos de passagem obrigatórios e em zonas semeadas por armadilhas explosivas, e no desbloqueio de ruas, pontes, túneis, etc. O trabalho da FTer não será normalmente em apoio a sua própria manobra, senão em benefício da população civil mediante a construção e reconstrução da infra-estrutura danificada ou destruída pela ação do inimigo. 




    CONCLUSÃO

    O Exército deverá antecipar os prováveis conflitos do milênio, por meio de análise de trabalhos publicados e de estudos prospectivos. Em função desses prováveis conflitos – tipologia e características – serão estabelecidas e desenvolvidas as doutrinas e as tecnologias pertinentes.

    A preparação para a defesa da soberania deve receber a mais alta prioridade, mesmo que, dentro das hipóteses consideradas, seja estimada como remota, pois a eficiência alcançada é a base para o desenvolvimento de qualquer outra preparação específica. 

    As missões de combate, tal como estão concebidas, não garantem o êxito das operações em um conflito assimétrico. Conflitos assimétricos passarão a ser a norma e não a exceção. 

    Na Guerra de Quarta Geração, o Estado perde o monopólio sobre a guerra. Em todo o mundo os militares se encontram combatendo oponentes não estatais. Quase em toda a parte o Estado está perdendo. 

    A Guerra de Quarta Geração ou Assimétrica representa duas vertentes importantes: como protagonistas, desenvolvendo essa Guerra (Força de Resistência) ou como uma Força Convencional, combatendo uma Força que empregue este tipo de ação militar. 

    Para estas duas opções se faz necessária a devida preparação, aí incluída a Doutrina que orientará para o preparo e o emprego de nossas Forças. Tem-se ainda que pensar na adaptação desses conceitos para a realidade de cada força. 

    Pode-se analisar sob este prisma ações possíveis em áreas internas de cada país, onde, seja pela forma de operar ou pelos meios de combate utilizados, as Forças de Segurança Pública não tenham capacidade de vencer. Ou, ainda, as Operações de Paz, onde o Brasil por seus objetivos de Política Externa está cada vez mais envolvido e comprometido, gerando, para o campo militar, possibilidades de emprego em ambientes operacionais desconhecidos e de enfrentamento com inimigos dos quais não tem nenhuma informação antecipada. 

    “As forças lutam como são adestradas". A doutrina deve preparar as forças singulares com uma atitude pronta para lidar eficaz e rapidamente com a incerteza. Deve possuir um conceito operacional que inclua mais do que a guerra convencional. 

    As doutrinas dos Exércitos deve tratar a assimetria como uma via de dois sentidos. A assimetria nada mais é do que mudar o nível de incerteza, ou de surpresa, para um novo nível que envolve estilos, meios e até fins.

    Todos os conflitos assimétricos exibem uma grande disparidade de vontade. Toda a força militar competente se adapta. A adaptação é crítica para o êxito militar, uma vez que a guerra, assimétrica ou não, trata com a incerteza. 

    Fazer mudanças em técnicas e procedimentos para que sejam eficazes em toda a força exige experimentação, treinamento e disseminação. Essas ações são partes da natureza adaptável do combate. Não devemos reescrever a Doutrina dos Exércitos, apenas adaptar suas Forças para executarem a doutrina de novas maneiras.