FRASE
quarta-feira, 22 de março de 2023
Elementos do Poder de Combate *239
sábado, 18 de março de 2023
Fator Militar *238
- A Logística é a capacidade de manutenção de uma força combatente. Cabe a ela suprir as forças em todos os ítens imagináveis e necessários ao combate. Alimentação, munição, combustíveis, suprimentos médicos, reposição de pessoal, equipamentos e materiais dos mais diversos; além do transporte, estocagem e distribuição destes ítens, nos locais e momentos adequados. A logística ainda engloba a manutenção de equipamento, seja de serviço ou corretiva, a instalação e manutenção de hospitais de campanha e serviços de transporte, a triagem de feridos e serviços funerários, a manutenção e construção de vias de acesso e áreas de estacionamento, a manutenção de instalações de cunho estratégico como portos, bases aéreas, centros de comunicações, usinas de provimento de energia e água, e outras que se mostrarem importantes às operações. Pode-se dizer que o fator logístico é o pilar central de toda e qualquer campanha, sendo sua importância diretamente proporcional a duração das operações. O próprio foco de qualquer operação continuada é a inviabilização do sistema logístico do inimigo, fator que decidiu quase todas as operações listadas pela história.
- O Comando é o agregador de todos os elementos do fator militar. Cabe ao comando a implementação de uma situação de sinergia de todos os elementos operativos. Um comandante deve desenvolver continuamente seu caráter, capacidade, experiência profissional e características de liderança. Conhecer as características do comandante inimigo é importantíssimo na medida que se deseja antecipar suas decisões. Uma força privada do seu elemento de comando continua detentora de seu potencial orgânico, porém está totalmente incapacitada de aplicá-lo, e se o fizer será de maneira limitada e desordenada.
- O Estado-Maior é o "Staff" do comandante. Cabe ao Estado-Maior ocupar-se dos detalhes da missão, permitindo que o comandante se concentre nas linhas de ação principais. Fator multiplicador do poder de combate, um Estado-Maior eficiente pode ser a diferença entre a vitória e o fracasso. Um Estado-Maior típico constitui-se de uma seção de pessoal (1ª seção), de informações (2ª seção), de operações (3ª seção) e de logística (4ª seção); podendo conter outras como de instrução, ações psicológicas, assuntos civis, comunicação social e o que mais se achar necessário. A missão do Estado-Maior é transformar a intenção do Comando em ordens operacionais.
- A Tropa é o elemento operativo propriamente dito. Caracteriza-se pelo seu número, nível de adestramento, padrões sanitários e motivação. Uma tropa desmotivada ou mal assistida no quesito de saúde não desempenhará a contento. Uma tropa em número insuficiente poderá sucumbir facilmente a não ser que outros fatores como a tecnologia e o adestramento compensem esta deficiência.
- O equipamento é o conjunto de recursos materiais, nos aspectos quantitativo e qualitativo, postos a disposição da tropa. Material Bélico, Suprimentos e materiais de toda ordem fazem parte deste item. Um aspecto material que assume especial importância são os meios de comunicações disponíveis, vitais ao exercício do comando. Sem elas operando plenas, o comando terá dificuldades em bem reger a orquestra posta a sua disposição. Fica mudo e impotente. A experiência histórica tem demonstrado, em guerras recentes, que exércitos dispondo de bom equipamento, não foram capazes de tirar rendimento satisfatório dos mesmos, por deficiências culturais da tropa.
- O terreno influi diretamente no grau de dificuldade de uma operação, e repercute sensivelmente no Fator Militar. Seus elementos topo-táticos servem para a pesquisa e estudo crítico de uma operação militar. O sucesso da operação está diretamente relacionado a capacidade de superar os obstáculos existentes, a capacidade de utilizar o terreno para ludibriar a percepção inimiga da situação e impor dificuldades a sua manobra e reação.
- As condições meteorológicas como chuva, neve, ventos, nevoeiro, fases da lua, partes do dia, temperaturas, crepúsculo, etc., influem diretamente nas operações e repercutem no Fator Militar, e devem ser consideradas com atenção.
- Os imponderáveis da guerra são circunstâncias imprevisíveis num combate, influindo decisivamente em seus resultados. Um incêndio florestal, condições meteorológicas adversas, uma revolta não esperada de populares, o assédio de criminosos, animais selvagens, um terremoto, etc... podem influir, dependendo das circunstâncias nas operações.
- A incerteza da situação está baseada no fato de que, normalmente, o comandante não dispõe de informações suficientes para lastrear seu Estudo de Situação. As medidas de contra-informação do inimigo restringem a ação de seu setor de informações. Daí decorre o risco calculado. Prejudicar a observância de um princípio de guerra em beneficio de outro. Churchill já afirmava "não se pode conduzir uma guerra na base da certeza". O chefe, nestas ocasiões, procura apoiar-se nos princípios de guerra da Segurança e da Economia de Forças, para precaver-se contra a incerteza.
- A confusão no combate estará sempre presente. Situações não previstas (imponderáveis) podem acontecer pondo abaixo todo um planejamento. O comando e a tropa têm que estar preparados e com as cabeças frias, para exercitarem o espírito da iniciativa, em situações confusas de combate, contornando de forma eficiente os problemas que vierem a aparecer. Um bom método de fazer isto é reunir várias cabeças e pedir para que relacionem tudo aquilo que pode acontecer, elencar as situações mais prováveis ou nocivas e precaver-se contra elas. É na ausência de ordens, que a criatividade e a iniciativa dos comandantes mais capazes podem fazer a diferença.
- Observância dos mandamentos e preceitos da guerra, que fundamentam as decisões de campo é de vital importância ao sucesso operacional que se está buscando. Iniciativa é sempre bem vinda e fará a diferença em qualquer situação, porém deve ser responsável e competente, sem deixar a disciplina de lado.
- O grau de operacionalidade é a capacidade de uma força em aplicar de forma plena seu poder militar. Uma força deverá dispor de comandante e estado-maior conhecedores de seu ofício e se possível experientes, tropa bem adestrada, equipamento moderno e bem manutenido, moral elevado, etc... para bem poder desempenhar suas atribuições. Deverá também saber operar em conjunto com outras forças que se façam presentes.
- O moral é a pré-disposição para lutar. Quanto mais elevado, maior será a qualidade do Fator Militar. É o combatente motivado para a luta. Influem no moral da tropa e por consequência no seu rendimento, fatores como alimentação, notícias do andamento das operações e da segurança de seus familiares, o sentimento da sua importância junto a seus comandantes, estresse a que está submetida, serviço de saúde de que dispõem, perspectiva do desenvolvimento das operações, sentimento em relação a própria segurança, exposição a cenários como de morte intensa, genocídios, amigos e colegas feridos em níveis degradantes, e outros.
- Espírito crítico e criatividade fazem parte do pensamento militar. É o estado de espírito que deve dominar todos os integrantes de uma força. Pensar para rejeitar, modificar, aperfeiçoar, inovar e progredir. A capacidade de criticar sadiamente ideias previamente aceitas, visando a rejeitá-las, ou modificá-las. Todos os conceitos da doutrina militar resultaram do pensamento militar criador. Todas as inovações na doutrina militar foram em determinada ocasião uma ideia revolucionária de um comandante ou pensador militar. Este espírito sempre enfrentará a tradicional resistência à mudanças, constante no meio militar, e deve ser empregado com cautela e conhecimento. Deve-se tomar cuidado para não se ferir a hierarquia e a disciplina, pilares da doutrina militar.
- A tecnologia sempre fará a diferença. A qualidade do Fator Militar depende muito do grau tecnológico dos equipamentos disponíveis, que não deve ser superior a capacidade dos soldados de utilizá-la.
terça-feira, 14 de março de 2023
Sincronização Operacional *028
Sincronização é o arranjo das ações das diversas unidades militares e sistemas operacionais envolvidos em uma operação, no tempo, no espaço e na finalidade, de forma que operem harmonicamente, pois quando uma unidade entrar em ação, todas as outras encarregadas de missões preparatórias para a ações desta já o tenham feito com êxito, de forma a maximizar o poder relativo de combate onde se espera, evitando esperas que muitas vezes podem ser de alto risco. Unidades militares devem operar em sinergia de forma que seu efeito combinado seja maior que a soma do efeito de cada unidade operando isoladamente
Um ataque precedido de uma preparação de artilharia, deve ser coordenado de tal forma que quando aconteça, os fogos de preparação já tenham cessado, caso contrário a tropa amiga poderá ser atingida por eles. Durante a execução destes fogos, as forças manobram pelos flancos e retaguarda a fim de posicionar-se e travar contato assim que o bombardeio cessar; uma força blindada deve chegar ao local de transposição de um curso d'água não antes que a engenharia tenha completado a montagem da ponte, evitando colocar-se em vulnerabilidade, salvo se esta força for designada para prover segurança deste local; um ataque principal deverá iniciar-se momentos após o grosso das forças inimigas dirigirem-se ao local do ataque diversivo; o pouso de aeronaves de assalto em um aeródromo hostil deve ser dar somente após seu domínio estar assegurado. Estes são alguns exemplos da importância da Sincronização Operacional.
A sincronização, que será planejada durante o Processo de Planejamento Militar (PPM), visa determinar em que horário cada ação militar componente deverá se iniciar e ser concluída, de forma que seu objetivo tenha sido alcançado antes que a ação subsequente que depende desta primeira, seja iniciada. As diversas ações componentes poderão ocorrer em locais distantes um do outro, em períodos distintos e executando tarefas das mais diversas, mas seus resultados criarão as condições para que a ação principal seja desencadeada de forma satisfatória e eficaz.
Ações preparatórias podem ocorrer bem antes do momento decisivo, desde que não sacrifiquem o fator surpresa. Ações decisivas devem ocorrer sempre após as ações preparatórias imprescindíveis estarem concluídas. A sincronização requer estreita sintonia entre os comandos dos diversos escalões, e estes devem dominar a inteligência da manobra como um todo, visualizando os efeitos desejados e as condições para obtê-los, demandando quando necessário as ações necessárias não previstas. Sendo vital a maximização do poder de combate, o processo de sincronização deve contar com eficiente exploração dos meios de comunicação, pedra fundamental à aplicação deste conceito.
A estreita coordenação entre várias unidades e atores que participam de uma operação é vital a construção de um processo de sincronização eficaz, porem somente esta coordenação não garante que o processo funcione, sendo necessário que cada comandante visualize o que se espera dele e a importância da sequência das atividades planejadas, onde cada uma contribuirá para o esforço principal, e como poderá ser compensada caso sua execução seja prejudicada pelos imponderáveis da guerra. Os Estados-Maiores são os grandes responsáveis pelos processos de sincronização, sendo importantíssimo que tenham assimilado de forma completa as intenções de seus comandantes. Ensaios são a chave para o êxito das operações sincronizadas. Este processo requer a escolha entre atividades simultâneas e sequênciais. O comandante deve ainda deixar claro ao seu Estado-Maior e comandantes subordinados, quando os efeitos de uma atividade programada são precondição "sine qua non" para a ação subsequente, ou quando são apenas facilitadores. É necessário antecipar eventos e pensar em uma linha do tempo, dominando as relações de tempo e espaço e da interação possível e provável das forças em operação com as do inimigo.
O processo de sincronização demanda um perfeito conhecimento dos efeitos produzidos pelos diversos meios de combate, o conhecimento da relação entre as possibilidades do inimigo e das forças amigas, o domínio perfeito das relações entre o tempo e o espaço, e uma clara unidade de propósito. Por exemplo: não adianta de nada planejar que uma determinada unidade deverá estar na hora H no local L, se este local estiver a uma distância superior a que a unidade pode alcançar naquele tempo determinado; ou que um bombardeio aéreo deverá destruir preventivamente um “bunker” reforçado, se a unidade que o executará não dispuser da munição adequada a penetração deste alvo “endurecido”.
A seguir descrevemos um pequeno exemplo de uma matriz de sincronização.
"Às 0400 horas do dia D a unidade 21 deverá transpor a Rio das Caveiras, porém o rio é largo e profundo e sua ponte foi destruída. Desta forma a Cia de Engenharia de Combate deverá lançar uma ponte de pontões neste rio na rota determinada, cuja montagem deverá estar concluída, e seu uso liberado instantes antes das 0400 horas do dia D. Como o lançamento desta ponte levará 1 hora para ser feito, e a Cia de Engenharia se encontra a 100 km do local, esta deverá iniciar seu deslocamento às 0000 horas do dia D, no máximo, uma vez que o tempo estimado para este deslocamento na via que será utilizada é de 2,5 horas (caso haja a possibilidade de imprevistos durante este deslocamento, antes ainda, conforme avaliação). O Batalhão Logístico em apoio, deverá concluir o abastecimento de combustível das viaturas da Cia de Engenharia antes das 0000 horas do dia D, para que esta possa iniciar seu deslocamento no horário previsto. Como este abastecimento é estimado em cerca de 40 minutos, deverá se iniciado pelo menos 2 horas antes do horário previsto para o deslocamento ou seja, às 2200 horas do dia D-1, no máximo."
Este é um exemplo simplificado de uma matriz de sincronização, que será planejada em um quadro em forma de matriz (linhas e colunas), e a partir da qual serão expedidas as ordens operativas. Os dados de tempo aqui utilizados são totalmente fictícios e uma operação destas demanda um número muito maior de unidades de apoio, porém é o suficiente para ilustrar o conceito.
O objetivo da sincronização é que os meios militares ou não, estejam nos locais e horários que serão demandados, e as condições desejadas destes locais tenham sido alcançadas conforme o planejado, tempestivamente. A sincronização visa a fazer com os objetivos designados às diversas forças componentes sejam cumpridos de maneira satisfatória no momento e no local desejados.