João Matheus Mainardi Riffel
Antes de iniciar a Primeira Guerra Mundial, a Cavalaria se valia do uso de cavalos, empregando armas de fogo leves, lanças e espadas, cumprindo missões tanto de reconhecimento quanto de combate, sendo responsável por realizar a carga em momentos e posições decisivas para o êxito do engajamento, tornando-se peça de manobra nobre à disposição dos comandantes militares. Com a evolução tecnológica, principalmente das armas de fogo de repetição e as metralhas da artilharia, que aumentando seu alcance e realizando tiros indiretos sobre as posições inimigas, transformou o combate em linhas de trincheiras estáticas, pautado na defesa.
Desse modo, a Cavalaria tornou-se
obsoleta devido a sua ineficácia em atacar posições inimigas. Durante a “Grande
Guerra” (Primeira Guerra Mundial), o Reino Unido iniciou projetos para criar um
veículo blindado sobre lagarta visando romper o sistema defensivo inimigo, as
linhas de trincheiras, auxiliando na progressão da Infantaria. Assim, surgiram
os primeiros carros de combate, conhecidos como “tanques” que, apesar de suas
grandes limitações, mostraram-se eficazes meios de combate, despertando o
interesse de vários países no seu aperfeiçoamento e desenvolvimento no período
entre guerras. Todavia, nem todos os países lhes deram a importância devida.
Enquanto ingleses e franceses procuravam desenvolver seus carros para assim
facilitar a progressão da Infantaria, minimizando o poder das metralhadoras, a
Alemanha focou-se em desenvolver armas químicas. Após terminada a guerra, um
dos principais fatores apontados por oficiais do Alto Comando alemão
responsável pela derrota, foi a insuficiente e prematura tropa blindada do
país. Com destaque para Heinz Wilhelm Guderian, idealizador da doutrina
Blitzkrieg, os carros de combate alteraram de forma profunda as táticas de
guerra. Aliando mobilidade, potência de fogo, ação de choque, proteção blindada
e comunicações amplas e flexíveis, os tanques tornaram-se peças fundamentais no
combate. Portanto, procurar-se-á evidenciar uma das teorias que ampara essa
pesquisa: a de que as inovações tecnológicas, aqui focadas nos carros de
combate, alteram profundamente as táticas empregadas nas batalhas, tendo que se
adaptar às novas capacidades dos materiais.
Combater sobre Plataformas – AKVA
A história do homem sempre esteve
ligada a conflitos. Inicialmente, a luta era por suprir necessidades básicas,
como fome, frio e sede. Com o passar dos anos e o desenvolvimento do homem e
das sociedades, as quais ficaram mais complexas, essas lutas passaram a ser
entre os próprios homens, os quais defendiam a soberania de seu povo, seus
costumes e suas crenças. Tendo em vista a incansável busca por combater em
superioridade, os homens perceberam a necessidade de criar plataformas móveis
em associação a animais de grande porte, obtendo assim vantagem no combate,
como mobilidade e ação de choque. A este avanço denominou-se “akva”, termo de
origem sânscrito, e que posteriormente originaria a palavra cavalaria. O cavalo
foi o animal que melhor enquadrou-se nessa forma de combater. Com sua
velocidade, as tropas passaram a percorrer distâncias maiores em períodos mais
curtos, além de poderem carregar mais peso. De forma tática, os animais
proporcionavam uma ação de choque não obtida antes apenas pelo emprego do homem
a pé. Tornou-se meio nobre de batalha, podendo exercer com velocidade, missões
de reconhecimento, ligação e ataque, além do efeito psicológico que o cavalo
infringe às tropas a pé, ainda hoje observado em manifestações em que uma tropa
hipomóvel é empregada em operações de controle de distúrbios (GLO). Destaca-se
Napoleão Bonaparte, o qual venceu diversas batalhas ao longo de sua carreira
militar empregando a cavalaria em missões como “reconhecer, cobrir, retardar,
envolver e perseguir”, como ainda hoje é utilizada em exércitos do mundo
inteiro. Desse modo, a cavalaria tornou-se uma arma decisiva, atuando em
momentos oportunos, em que se aproveitando de superioridade momentânea no
combate ou da deficiência no dispositivo inimigo, ataca com velocidade e ação
de choque, arrasando assim o inimigo. Diante das novas tecnologias e materiais,
principalmente da metralhadora, a cavalaria hipomóvel perdeu espaço na guerra.
Se avançar contra uma posição de metralhadoras a pé já era suicídio, montado a
cavalo era pior ainda, pois, o alvo tornava-se maior, facilitando-se assim a
pontaria. Portanto, a cavalaria teve de se reinventar e não tardou muito para
essa mudança acontecer.
Durante a mesma guerra, viu-se a
necessidade de romper as linhas de trincheiras. A “Grande Guerra” tornara-se
estática e monótona, ficando cada lado do conflito em sua trincheira, chegando
a transcorrerem dias sem ocorrer um disparo sequer. Dessa ideia, surgiram os
primeiros carros de combate, os quais iniciaram a mudança na forma de pensar a
guerra. Todavia, as capacidades desse novo conceito só viria a ser realmente
utilizada durante a Segunda Guerra Mundial. Nela, a proteção blindada dos
carros, sua mobilidade, potência de fogo e ação de choque mostraram-se
decisivas, potencializando a eficiência dos exércitos.
A “Grande Guerra”
A Primeira Guerra Mundial foi um
conflito de amplitude global, centrado na Europa durante os anos de 1914 a
1918. Evidenciou-se em duas fases bem
definidas: a primeira e mais curta, entre agosto e novembro de 1914, destacava-se
a grande movimentação dos exércitos e um combate com bastante flexibilidade e
fluidez.
Dominada a área fortificada da
fronteira, Os exércitos alemães prosseguiram pela Bélgica e pelo norte da França
até as proximidades de Paris. No sul, em agosto de 1914, Os exércitos franceses
cruzaram a fronteira na direção de Sarreburgo, com os alemães recuando e passando
à contraofensiva. Foi a chamada Batalha das Fronteiras, um desastre francês. Os
alemães, porém, não conseguiram com suas duas alas fechar a pinça que
representaria o êxito do Plano Schlieffen.
Com o início da segunda fase, o
conflito tornou-se estático e monótono, ficando conhecido como “Guerra de
Trincheiras”. Fazia-se necessário, algo inovador que acabasse com a ineficácia
das ações ofensivas, a fim de romper a linha de trincheiras inimigas e
conquistar novas posições.
A respeito dessa fase do conflito
Heinz Guderian afirmou: Nessa forma de combate, entretanto, as metralhadoras e
a artilharia mostraram-se capazes de deter os ataques de uma numerosa massa de
soldados; a chuva de projetis das armas modernas acabou com as cargas dos
lanceiros alemães em agosto, e, agora, fazia o mesmo com os ataques à baioneta
de outubro e de novembro.
Revolucionando a guerra, entraram
em ação os primeiros carros de combate. O Mark I foi o primeiro carro de
combate sobre lagartas a ser criado, sendo apresentado pelos ingleses em 6 de
setembro de 1915, quando ainda não possuía um nome. Inicialmente nomeado de
“Thins thing” (“essa coisa”, em inglês), devido a sua semelhança com um tanque
d’água, o veículo ficou conhecido como tanque, além de funcionar como mecanismo
para enganar os inimigos quanto a sua real função. Era tripulado por uma guarnição
de 8 integrantes, tinha 4,11 de largura; 2,64 m de altura 8,05 m de
comprimento. Pesava 27 ton pronto para o combate, propulsionado por um motor de
150 cv e com velocidade de campo de 6 km/h em terreno favorável, com autonomia
de 38 km e blindagem de 6 a 12 mm.
Originário de um trator agrícola,
o qual foi acrescentado blindagem nas laterais, a função desse veículo era,
basicamente, auxiliar na progressão da Infantaria. A sua forma em losango
visava facilitar a transposição de trincheiras, porém, em sua primeira versão,
não possuía tamanho suficiente para realiza-la, sendo substituído por sua
versão definitiva, mais longa e com nova configuração das lagartas. Construído
em 2 modelos, a versão “male” (“macho” em inglês), que era equipado com 2 canhões
de 57 mm instalados um de cada lado nas laterais do veículo, de modo a realizar
o apoio pesado no deslocamento da Infantaria; e a versão “female” (“fêmea” em
inglês), a qual era equipada com metralhadoras destinadas a destruir pequenas
posições inimigas e casamatas. Apesar de sua reduzida velocidade e limitações
quanto a manobra do veículo, suas lagartas conferiam ao veículo boa
adequabilidade em qualquer terreno. Por ser algo inovador nos campos de batalha,
aliando características como proteção blindada, potência de fogo, tamanho e
barulho, sua presença provocava terror psicológico aos seus inimigos. Em
contrapartida, os aliados sentiam-se mais seguros e inspirava-lhes confiança ao
avançarem contra as posições inimigas ao lado de um “tanque”.
Com a missão de suprir a
necessidade francesa de atravessar as trincheiras inimigas acompanhado de poder
de fogo, nasceu um dos principais carros de combate da Primeira Guerra Mundial:
o Renault FT 17 que foi um dos mais bem sucedidos carros de combate da Primeira
Guerra Mundial. Foi o primeiro projeto clássico de tanque com recursos montados
diretamente sobre o casco e uma torre com giro horizontal de 360 graus. Os
veículos foram encomendados em grandes quantidades (mais de 3,000 durante a Primeira
Guerra Mundial) e assim precisavam ser, por terem sido projetados visando pouca
manutenção e reparos, como resultado, ficavam muitas vezes fora de ação. Uma
versão de canhão autopropulsado e uma equipada com rádio estavam entre as
variantes produzidas. Em ação, eles eram usados em formação cerrada. Por
exemplo, 480 foram utilizados sozinhos em um contra-ataque perto de Sissons em
julho de 1918. Os veículos permaneceram em serviço até 1944, quando os alemães
capturaram FT 17 para combate nas ruas de Paris. Na época, sem dúvida, estavam
irremediavelmente obsoletos. Tinham uma guarnição de 2 homens, mediam 1,71 m de
largura, 2,133 de altura e 5,0 m comprimento com barra de sustentação. Sua
autonomia era de 35,4 km e sua blindagem de 16 mm. Contavam com um armamento
composto de 1 canhão de 37 mm ou 1 metralhadora e pesavam 6,6 ton, com 1 motor
a gasolina de 4 cilindros que lhe permitia uma velocidade máxima em estrada 7,7
km/h.
A7V foi o único carro de combate
produzido pela Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, durante a fase final
do combate. Apenas 20 unidades foram fabricadas, estando em combate apenas
entre março e outubro de 1918, não possuindo assim, grande relevância para o
conflito. Até então, o país utilizava-se de blindados capturados de países
inimigos, que estivessem pelo menos em razoáveis condições operacionais. Entre
as deficiências do A7V, a principal encontra-se em sua baixa altura em relação
ao solo, apresentando uma distância de apenas 4 cm. Com isso, o blindado apenas
podia locomover-se através de estradas, mesmo possuindo lagartas. Essas eram
pequenas para o veículo, o qual, devido a sua baixa velocidade, não conseguia
acompanhar o deslocamento da Infantaria. Porém, motivo de orgulho destaca-se a
sua blindagem que, em certos pontos, chegava a atingir a espessura de 30 mm,
deixando para trás os demais carros de combate de seu tempo, como os blindados
britânicos da família Mark, que possuíam blindagem máxima de 14 mm. Devido ao
seu elevado espaço interno, conseguia transportar até 12 homens com seus
equipamentos individuais e suas metralhadoras, permitindo assim que a
Infantaria alcançasse as linhas amigas com proteção blindada, reduzindo o
número de baixas. A7V “STURM PANZER WAGEN” tinha uma tripulação de 18 a 20 integrantes.
Media 8 m de comprimento, 3,06 m de Largura e 3,3 m de altura. Pesava vazio 31
ton e pronto para o combate 33,5 ton. Era tracionado por 2 motores Daimler Benz
que lhes proporcionavam uma velocidade máxima de 13 km/h e autonomia de 35 km.
Tinha um canhão 57 mm e 6 metralhadoras de 7,9 mm.
Período entre Guerras
Os carros de combate empregados
durante a Primeira Guerra Mundial possuíam diversas limitações e,
principalmente, não existia ainda uma doutrina que balizasse o seu uso. Ao
longo da “Grande Guerra”, os carros de combate eram empregados apenas como
meios auxiliares para a progressão da Infantaria. Essa visão não perduraria por
muito tempo, pois, apesar de pouco empregados, o potencial desses veículos
criou ambiente fértil na imaginação de diversos líderes militares da época, que
viram no blindado o futuro dos campos de batalha. Entre esses pensadores,
destaca-se o General alemão Heinz Wilhelm Guderian, um dos principais teóricos
sobre o emprego da Cavalaria moderna. Acompanhado de outros militares alemães,
iniciou estudos detalhados sobre o emprego dos carros de combate durante o
último conflito. Enquanto isso, países vencedores da Primeira Guerra,
principalmente a França, apesar de fabricarem novos blindados, acomodaram-se em
sua situação de vencedores, não desenvolvendo doutrinas para o emprego dessas
tropas, ficando seus exércitos, praticamente, “estacionados” no tempo. Com
isso, países que antes eram hegemonicos na produção de veículos blindados, como
França e Grã-Bretanha, perderam seus postos para Alemanha e Rússia,
principalmente nas décadas de 1920 e 1930.
O progresso nos carros de combate
abordou tanto o interior quanto o exterior dos carros, oferecendo maior
segurança à sua tripulação, maior independência em relação aos transportes
especiais, como ferrovias, que faziam grande parte do trajeto, conduzindo os
tanques de um ponto ao outro. O “design” gerou veículos dotados de maior “fluidez”,
simples e funcionais, tornando-os mais eficientes. Proporcionando maior
estabilidade ao tiro, as suspensões apresentaram notável desenvolvimento. Os motores
tornaram-se mais potentes, como exemplificado pelo modelo Mark V britânico, o
qual possuía um motor de 150 cavalos, e o modelo Vickers Independent, com peso
similar ao Mk V, mas com motor de 350 cavalos, dando às tropas blindadas maior
agilidade e velocidade. Assim, uma das principais deficiências dos blindados
durante a Primeira Guerra, responsável por “irem por terra” diversos esquemas
de manobra, estava sanada, abrindo horizontes ao desenvolvimento tático mais
amplo das forças blindadas. A proteção blindada dos carros também evoluiu,
aumentando a espessura, composição e qualidade do aço. Os carros de combate
passaram a oferecer proteção contra a maioria dos pequenos canhões anticarro e
contra o fogo das armas leves. O armamento teve sua ênfase na eficácia das
armas, em sua adaptabilidade em relação ao espaço disponível e forma como
poderiam ser montadas, deixando de lado o número de armas com que o carro
poderia ser equipado. A visibilidade, longe da ideal, estava ao menos muito
melhor que antes, graças ao aparelho ótico para os motoristas e as reformas nas
seteiras, a fim de evitarem a entrada de estilhaços de granadas e ricochetes.
Tudo isso proporcionava à guarnição melhor proteção. A maioria dos carros de
combate maiores agora apresentava cúpulas de comando especiais que tiravam do
comandante do carro a tarefa de operar o canhão e permitia-lhe o efetivo
controle – especialmente nas unidades maiores – em razão da possibilidade de
ver todo o veículo e ter campo de vista em 360°, independente para onde a torre
principal do carro estava voltada. O uso generalizado da proteção móvel
(anteparo) assegurou o necessário campo de visão ao comandante do carro;
periscópios ofereceram a mesma possibilidade aos carros menores que não
possuíam as cúpulas para o comandante. O desenvolvimento da parte de comando e
controle foi fundamental, principalmente em maiores formações de carros.
Durante a “Guerra das Guerras”, os comandantes de companhia corriam à frente de
seus blindados a cavalo ou a pé, como figuras do passado. Agora, a comunicação
entre a guarnição era feita por luzes, telefones internos e tubos de
comunicação, enquanto a comunicação externa era realizada por radiotransmissores
e receptores.
Desenvolvimentos Táticos
Com o pós-guerra, numerosas e divergentes ideias sobre o emprego das tropas blindadas surgiram por toda a Europa, sendo essas diferentes em cada país. Assim, surgiram a maior sorte de veículos blindados e táticas no período durante as duas Guerras Mundiais. Nesse processo, as três grandes potências militares da Europa, Inglaterra, França e Rússia, países vencedores da Primeira Guerra, seguiram caminhos distintos no aperfeiçoamento de suas tropas.
Inglaterra
Com o fim da guerra, os
britânicos retiraram-se para sua ilha e reduziram seu exército, vendendo e
desmontando a maior parte de seus veículos de combate, ficando apenas com os
modelos mais recentes. Isso visava uma modernização de suas forças, buscando um
exército pequeno, mas com grande mobilidade e ação de choque, coerente com a
capacidade industrial da ilha. Nesse novo exército, as tropas blindadas
possuiriam papel fundamental. A produção dos carros focou-se em veículos
compactos e ágeis, meios eficazes de comando e controle e capacidade para
realizar ataques decisivos, valendo-se da surpresa. Atrelado a isso, a
exploração adequada do terreno e o emprego de cortinas de fumaça, esperava-se
reduzir os danos das armas anticarro e aumentar o sucesso do ataque.
Então, chegou-se à conclusão
inevitável de que o ataque de blindados deveria ser separado do ataque da
infantaria, se não de forma imediata, mas ao menos totalmente na fase inicial
de um ataque conjunto. Porém, ainda havia dúvidas na forma de emprego das
tropas blindadas. De um lado, empregar os carros de forma independente,
explorando sua velocidade e ação de choque, podendo obter uma vitória rápida
que, pelas características do material, conseguiria maior extensão e
profundidade; de outro, quais seriam as desvantagens em separar os carros de
combate da infantaria, a qual é responsável por realizar a efetiva conquista e
manutenção do terreno. Solucionando essas questões, o General Fuller, Martel,
Lidell Hart e outros defenderam a ideia de reforçar as unidades de carros com
elementos de infantaria, artilharia, engenharia, comunicações e logística
transportados em veículos mecanizados, de modo a poderem acompanhar o
deslocamento dos tanques. Como resultado, criou-se a Divisão Móvel Mecanizada. A
“Divisão Móvel Mecanizada” compreendia duas brigadas de cavalaria mecanizada,
cada uma com um regimento de reconhecimento mecanizado, um regimento de
cavalaria (fuzileiros) motorizado e um regimento de cavalaria de carros de
combate leves, reunidos a já existente brigada de carros a quatro batalhões de
carros e a um número correspondente de baterias de artilharia e serviços de
apoio. Os tanques tornaram-se independentes do apoio de artilharia, a qual acompanhava
o ataque até onde conseguia observar e garantia o apoio de fogo aos veículos
leves e médios quando engajados. Os britânicos pretendiam empregar suas forças
blindadas em missões profundas na retaguarda do inimigo.
França
Diferente da Inglaterra, a França
escolheu trilhar outro caminho para suas forças armadas. Para garantir suas
políticas de defesa externa, os franceses mantiveram boa parte dos armamentos
utilizados durante a Primeira Guerra Mundial. Com isso, a capacidade de seu
exército em alcançar objetivos operacionais ficou restringida a grande
quantidade de equipamentos restantes da 1ªGM e suas características técnicas.
Como exemplo, as tropas blindadas mantiveram o carro Renault leve como
principal carro de combate, destinado ao apoio a infantaria, muito aquém dos
demais carros que estavam sendo construídos durante o pós-guerra. Consideravam
os carros de combate como armas defensivas. Uma vulnerabilidade imediata
devia-se ao fato do Renault ter limitações quanto à capacidade de transpor
taludes, obstáculos e vaus, tornando-se inadequado, portanto, para atacar
posições em terrenos difíceis. Durante vários anos, a divisão de cavalaria
francesa operou com o cavalo ao lado da máquina, o que mostrou inadequado com o
realizar de diversos exercícios no terreno, tendo em vista que o elemento
motorizado após conquistar o terreno necessitava esperar durante longo tempo
até que as unidades à cavalo chegassem ao local. Tempo esse que na guerra seria
precioso, podendo custar a perda de vidas e materiais. Com isso, em 1933,
criou-se a Divisão Mecanizada Ligeira, integrada inteiramente por elementos
mecanizados, incluindo cerca de 250 blindados, dos quais apenas 90 eram carros
de combate. Pode-se concluir que a Divisão focava-se na cavalaria como elemento
apenas de reconhecimento, deixando de lado seu potencial de combate, mantendo
raízes na origem da cavalaria. Os franceses estavam certos de que venceriam um
confronto mesmo que atacassem de forma lenta, com sua progressão regulada pelo
deslocamento da infantaria a pé. Porém, o rearmamento da Alemanha tornou-se
realidade, mudando toda a situação para os franceses, os quais não possuíam
mais a superioridade dos tanques e iriam enfrentar uma sólida defesa anticarro,
além de aprimoradas forças blindadas e grandes formações motorizadas e
mecanizadas. Acabava-se assim, a ideia do carro de combate ter sua função
apenas no apoio a progressão da infantaria. Passava-se, agora, a concentrar
carros de combate e maior blindagem e poder de fogo em divisões blindadas
pesadas, as “Division de choc”.
Rússia
Durante a Primeira Guerra, o
imenso exército russo não possuía nenhum blindado, nem mesmo uma indústria que
proporcionasse a construção de carros de combate e, devido ao seu isolamento
geográfico, tornou-se difícil importar tanques de países aliados. Porém, a
situação mudou após a guerra civil, e a Rússia viu-se com necessidade urgente
de criar uma indústria bélica nacional. De modo a produzir seu próprio carro de
combate, os russos passaram a comprar e testar os melhores tanques
estrangeiros, produzindo então similares, porém com modificações que abrangessem
suas necessidades. Apesar de estar atrás das demais nações quanto as tropas
blindadas no pós-guerra, essa mesma falta de tradição e preconceitos nesse
setor impediu que a Rússia ficasse presa ao passado, como países como a França,
que custou em transformar suas unidades de cavalaria a cavalo em unidades de
cavalaria mecanizada. Em resumo, o que há para se dizer da maneira como os
russos organizaram suas forças blindadas é o seguinte: carros de combate
velozes e com grande raio de ação para atuar em profundidade; carros pesados
com canhões também pesados para travar combate com os carros de combate, armas
anticarro e artilharia do inimigo no ataque principal; carros leves, a maioria
com metralhadoras para limpar a zona de combate para a infantaria. Por outro
lado, a tripla classificação das missões pede toda gama de carros
especializados, com todas as desvantagens que isso acarreta. Portanto, ao final
do período entre Guerras Mundiais, a Rússia possuía um dos mais poderosos
exércitos do mundo, tanto em efetivo quanto em equipamento e armamento. O tempo
em que os russos não possuíam pendor para a tecnologia ficara para trás, pois,
agora possuíam uma crescente indústria nacional bélica, além de contar com
riqueza de recursos naturais.
A 2ª Guerra Mundial
Em 1 de setembro de 1939
iniciava-se o maior conflito da história da humanidade, abrangendo proporções
globais e envolvendo as principais potências mundiais, as quais dedicaram todos
seus meios disponíveis para a conquista da vitória. De um lado do conflito
estava os Aliados, formados por, principalmente, URSS, Reino Unido, França e Estados
Unidos, além de outras nações de menor relevância. Do outro lado encontravam-se
as potências do Eixo, lideradas pela Alemanha nazista durante todo o período da
guerra. Revolucionando as táticas de guerra, a Alemanha inicia a guerra com
sucessivas vitórias. Os aliados não estavam preparados para a guerra proposta
pelos nazistas, “presos” às táticas e métodos utilizados durante a Primeira
Guerra Mundial. A Denominada Blitzkrieg, ou “Guerra Relâmpago”, era a tática
militar empregada pelos alemães, que consistia em utilizar o emprego conjunto
de forças em um ataque rápido e de surpresa, com destaque para as tropas
blindadas, uma espécie de doutrina de guerra aeroterrestre do US Army. Dessa
forma, o conflito estático da Grande Guerra transformou-se em uma guerra de
movimento durante a nova Guerra Mundial, em que o roncar dos motores dos carros
de combate proporcionando velocidade, aliados a potência de fogo de seus
canhões, as comunicações amplas e flexíveis, e a ação de choque desses
“monstros de aço” determinavam o êxito das operações.
Carro de Combate PANZER IV
Espinha dorsal da divisão Panzer
da Wehrmacht, o Panzer IV foi o único tanque alemão produzido continuamente
durante todo o desenrolar da guerra, sendo produzidas cerca de 9000 unidades e
alcançando sua versão final, o Ausf J, em março de 1944. Inicialmente projetado
para possuir um canhão KwK de 75 mm e cano curto, além de não poder ultrapassar
as 24 toneladas, os alemães viram, em 1939, sem nenhuma entrega ter sido feita,
o modelo já estar em sua versão D. Essa, por sua vez, foi empregada nas
campanhas da Polônia e França, encontrando seu fim durante a campanha na
Rússia, em que seus defeitos não puderam mais serem ignorados, evidenciando a
necessidade de um novo carro. O modelo D era ligeiramente maior que o PzKpfw
III, mas tinha o mesmo formato delgado do casco e a mesma forma geral. Havia 3 compartimentos
para a tripulação, com o piloto e o operador de rádio à frente, com a
metralhadora do casco no lado direito e em posição ligeiramente posterior à do
piloto. No compartimento de combate, a torre abrigava o comandante, o
artilheiro e o municiador. O movimento de deriva da torre era impulsionado em
um motor elétrico. Para o comandante havia uma cúpula proeminente, situada na
parte posterior da torre, com uma boa visão circular e também escotilhas de
fuga nas laterais da torre. As mudanças não pararam na versão D. Visando
aumentar a proteção blindada do carro, surgiu a versão E, que possuía uma
blindagem mais espessa na torre e na frente, além de uma nova cúpula. Não
tardou, criou-se a versão F, pretendendo-se que fosse a última. Esse modelo é o
que foi construído em maiores quantidades, trazendo de inovação um canhão 75 mm
cano longo, o qual permitiu ao Panzer IV cumprir missões que antes somente eram
designadas ao Panzer III, a partir de 1941.
O veículo ainda passaria por
outras versões, entre elas a versão G que modificou a parte externa do tanque,
acrescentado chapas adicionais na torre, uma blindagem mais espessa e saias
laterais com a função de detonar projéteis HEAT prematuramente, impedindo que
eles afetassem a blindagem principal. Também aperfeiçoou-se o canhão, com a
instalação do canhão KwK 40 L/48 de 75 mm, permitindo ao Panzer enfrentar
qualquer carro de combate no mundo. Por fim, chegou-se a versão J, lançada no
final da guerra, em 1944, a qual contava com cerca de 8000 unidades. A família
Panzer IV, apesar de não ser a melhor linha de carros de combate fabricada
pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, merece destaque, pois, foi a
mais fabricada durante todo o período da guerra. Com esse veículo, a Alemanha
participou de combates nos mais diversos tipos de terrenos, ajudando assim, a
consolidar com êxito o esforço empreendido pelos alemães em desenvolver,
adaptar e construir uma excelente tropa blindada.
Este carro (modelo D) era dotado
de um canhão KwK L/24 de 75 mm; uma metralhadora MG 34 de 7,92 mm coaxial; uma
metralhadora MG 34 no casco e uma metralhadora MG 34 antiaérea opcional no alto
da torre. A Blindagem variava de 20 a 90 mm. Media 5,91 m de comprimento; 2,92
m de largura e 2,59 m de altura. Pesava 19,7 ton, exercendo uma pressão sobre o
solo de 0,75 kg/cm². O motor Maybach HL 120 TRM V-12 com 12 cilindros em linha
a diesel, desenvolvia 300 cv a 3000 rpm conferindo uma relação potência/peso de
15,22 cv/t. Alcançava uma velocidade na estrada de 40 km/h; em terreno
acidentado de 20 km/h com uma autonomia de 200 km. Podia transpor obstáculos
verticais de 0,6 m; valas de 2,3 m e vaus de 0,8 m. Sua rampas de até 30° e foi
usado também pela Espanha, Itália e Turquia, e foi usado pela última vez pela
Síria em 1967.
Carro de Combate PANTHER
Até a invasão da União Soviética com Operação Barbarossa iniciada em 22 de junho
de 1941, o Panzer IV era o mais pesado carro de combate da Alemanha, cumprindo
seu papel de forma satisfatória. Porém, quando os nazistas depararam-se com o
tanque T-34 dos russos, encontraram um carro completamente superior ao seu,
tornando o PzKpfw IV obsoleto. A blindagem inclinada, a velocidade e a manobrabilidade
do T-34 provocaram uma profunda mudança de opinião por parte dos alemães e uma
nova especificação foi esboçada às pressas. Inicialmente, para economizar
tempo, pensou-se em copiar inteiramente o T-34, mas o orgulho nacional impediu
essa abordagem e a especificação, publicada em janeiro de 1942, simplesmente
incorporava todas as características do T-34. Construído pela MAN e pela
Daimler-Benz, os primeiros modelos de testes foram apresentados em setembro de
1942, porém, apenas recebendo seu batismo de fogo na Batalha de Kursk, a maior
batalha de blindados da história.
Nessa ocasião, por insistência de
Hitler, o carro entrou em ação pela primeira vez e seu resultado foi um
completo fracasso. Não demonstrando ser confiável, o veículo apresentava
problemas no motor, na suspensão e na transmissão, sendo que alguns
apresentaram problemas, inviabilizando seu uso, antes mesmo de ser empregado.
Havia muitas dificuldades: o motor e a suspensão eram sobrecarregados pelo
excesso de peso, a refrigeração era inadequada, os motores incendiavam e as
bordas das rodas apresentavam problemas. A maioria enguiçou na viagem da
estrada de ferro até à frente e poucos sobreviveram ao primeiro dia. O que se
pôde salvar foi mandado de volta à fábrica para ser reconstruído. Entretanto,
assim que as falhas foram resolvidas, o “Panther” tornou-se um veículo de
qualidade e, para muitos, é considerado o melhor carro de combate da Segunda
Guerra Mundial, sendo superior ao T-34/76 e conquistando a confiança de seus
tripulantes. Mais para o final da guerra, o Pantera apenas foi derrotado pela
supremacia aérea e pela produção em massa de carros de combate pelos Aliados. O
carro possuía um casco tradicional alemão, apresentando uma grande couraça na
parte da frente, fundida em uma única peça, assim como a torre, a qual
apresentava apenas dois orifícios, um para a metralhadora coaxial e outro para
a visão do artilheiro. Desse modo, a proteção frontal do carro era excepcional.
A suspensão, apesar de ser a melhor fabricada pelos alemães durante a guerra,
que consistia em rodas intercaladas apoiadas em barras de torção, apresentava o
problema de congelar quando o carro atolava na neve durante o rigoroso inverno
russo. Além disso, a manutenção era complicada, devido à necessidade de se
retirar as rodas externas para ter acesso às rodas internas.
Era tripulado por 5 integrantes.
Estava dotado de um canhão KwK 42 L/70 de 75 mm; duas metralhadoras MG 34 de
7,92 mm; uma metralhadora MG 34 AA opcional no alto da torre. A Blindagem
variava de 20 a 120 mm, e media 6,68 m de comprimento, 3,3 m de largura e 2,95
m de altura. Pesava 44,8 ton exercendo
uma pressão sobre o solo de 0,88 kg/cm². O Motor Maybach HL 230 P 30 V-12 a
gasolina, refrigerado a água, desenvia 700 cv a 3000 rpm, conferindo uma
relação potência/peso de 15,62 cv. Atingia 46 km/h na estrada e 24 km/h em
terreno acidentado; com uma autonomia de 177 km. Superava obstáculos verticais
de 0,9 m; valas de 1,9 m; e vaus de 1,4 m; com ângulo máximo de rampa de 35°.
Carro de Combate TIGER II
Conhecido pelas alcunhas de
“Tigre Rei” ou “Tigre Real” pelos Aliados, o Tiger II foi um projeto ousado dos
alemães em construir um blindado superior em poder de fogo e proteção blindada
a qualquer outro carro que pudesse ser construído pelos demais países. Entrando
em ação em 1944, sendo distribuído em grupos de quatro ou cinco carros, era o
carro de combate mais pesado, mais bem protegido e mais fortemente armado da
Segunda Guerra Mundial. O longo e poderoso canhão de 88 mm podia superar o
alcance do armamento principal de praticamente todos os tanques aliados, o que
permitia ao Tiger II escolher e atacar seus alvos a seu bel-prazer. Porém, a
elevada proteção blindada cobrava um preço a se pagar. O grande peso e tamanho
do carro sobrecarregava o motor e a suspensão, tornando-se difícil ocultá-lo no
terreno e ocasionava um baixo desempenho, deixando-o lento e, por conta disso,
era, muitas vezes, deixado para trás em operações ofensivas. Além disso, a
pressão sobre o solo era tamanha que não raramente o carro atolava no terreno,
inviabilizando a viatura. Aliado a essas deficiências técnicas, a péssima
situação alemã na guerra influenciou no êxito do emprego desses blindados
durante a guerra. Quer pela complexidade do veículo ou pela deterioração do
parque industrial alemão e falta de matérias-primas, a produção do veículo não
abrangeu o efetivo necessário e, em face aos demais blindados dos Aliados,
mesmo sendo inferiores, porém produzidos em “massa” e a perda da supremacia do
espaço aéreo pelos nazistas, o “Tigre Rei” não teve grande influência durante o
conflito.
Era tripulado por 5 integrantes.
Seu armamento consistia de um canhão KwK 43 L/71 de 88 mm; 2 ou 3 metralhadoras
MG 34 de 7,92 mm (casco coaxial e AA opcional). A Blindagem variava de 40 a 185
mm; e suas dimensões eram de 7,25 m de comprimento; 4,27 m de largura e 3,27 m
de altura. Pesava 69,4 ton e exercia uma pressão sobre o solo de 1,07 kg/cm². Seu
motor era um Maybach HL 230 P 30 V-12 em linha, a gasolina, refrigerado a água,
desenvolvendo 600 cv a 3000 rpm que conferia uma relação potência/peso de 8,64
cv/t. Desenvolvia uma velocidade em estrada de 38 km/h e 17 km/h em terreno
acidentado. Sua autonomia era de 110 km, superava obstáculos verticais de 0,85
m, valas de 2,5 m, e vaus de 1,6 m; com ângulo máximo de rampa de 35°.
Carro de Combate T-34
M. I. Koshkin, em 1936, foi
incumbido de ser o projetista-chefe de uma família de tanques visando suprir a
deficiência do Exército Vermelho em carros de combate e também modernizar o
exército para fazer frente a um conflito, que era questão de tempo para se
desencadear. No princípio de 1937 a fábrica foi incumbida de projetar um novo
tanque médio, também com a configuração lagartas-e-rodas, designado A-20. O
A-20, de 18 ton, era armado com um canhão de 45 mm, foi o primeiro da série
apelidada “veículos à prova de granadas”, que tinham a blindagem muito
inclinada, uma característica do T-34, surgido depois.
Porém, Koshkin logo percebeu que
a versão com rodas e lagartas seria um erro, deixando o projeto com excesso de
peso e tornando-o mais complexo. Como resultado, o projetista propôs um modelo
que usasse apenas lagartas, o A-32 (futuramente nomeado T-32). Após passar por
diversos testes, o modelo foi aprovado, porém, teria que aumentar sua blindagem
e adotar um armamento mais potente. Como resultado dessas melhorias, surgiu o
T-34 que, em 1939, começou a mobiliar as tropas blindadas do Exército Russo. O
T-34 se fez notar pelo excelente formato de sua blindagem, que aumentava
consideravelmente sua resistência à penetração de granadas antitanque. O
armamento, um canhão de cano longo e alta velocidade de 76,2 mm, era também uma
inovação para os tanques desta classe. O uso do motor a diesel V-2 de 500 cv
(também usado no tanque BT-7 M) reduzia o perigo de incêndio e aumentava muito
a autonomia do veículo. A suspensão Christie modificada, permitia altas
velocidades, mesmo em terreno acidentado, e amplas lagartas reduziam a pressão
sobre o solo ao mínimo. O projeto geral do tanque facilitava sua rápida
produção em massa e simplificava sua manutenção e reparos no campo. O veículo
logo mostrou-se confiável, apresentando elevado desempenho no teatro de
operações, representando duas décadas de experimentações dos soviéticos em
estudar e reproduzir as melhores ideias estrangeiras. Seu potente canhão e sua
elevada blindagem, inovadora para a época, mostraram-se temíveis adversários
dos nazistas, sendo um dos principais responsáveis pela retirada das tropas
alemãs do território russo. Não à toa que é por muitos considerado o carro de
combate mais decisivo da Segunda Guerra Mundial.
Tripulado por 5 integrantes,
estava armado com um canhão M1944 Z1S S53 L/51 de 85 mm (T-34-85) e 2 metralhadoras
DT de 7,62 mm. Sua blindagem variava de 18 a 60 mm. Media 7,5 m de comprimento
(com o canhão); 2,92 de largura e 2,39 m de altura; com um peso de 32 ton,
exercendo uma pressão sobre o solo de 0,8 kg/cm². O motor V-2-34 de 12
cilindros, a diesel, refrigerado a água, desenvolvia 500 cv a 1800 rpm,
conferindo uma relação potência/peso de 15,62 cv/t. Desempenhava uma velocidade
em estrada de 50 km/h, com um alcance de travessia de 300 km. Superava
obstáculos verticais de 0,79 m; valas de 2,49 m; e tinha ângulo máximo de rampa
de 32°.
Carro de Combate M4 SHERMAN
Inicialmente denominado T6, o M4
foi um projeto desenvolvido em 1940 com a finalidade de se produzir um tanque
médio com canhão 75 mm e torre com giro de 360°, aproveitando-se o máximo de
componentes da versão anterior, o M3, para assim facilitar a reposição de
peças. Esse veículo ainda passaria por diversas modificações ao longo da
guerra, sendo construídos cerca de 49230 Shermans dos mais variados modelos e
empregados em diversas frentes de batalha. Essas, focaram-se no armamento, na
armazenagem de munição e na suspensão do veículo. Uma das deficiências desse
carro era seu canhão M3 de 75 mm, o qual disparava um projétil com velocidade
inicial de 619 m/s, mostrando-se pouco eficaz frente a evolução sofrida pelas
blindagens dos demais tanques. Para solucionar o problema, adaptou-se a torre
do tanque médio T23, dotada de um canhão 76 mm, ao casco do Sherman,
aumentando-se assim o poder de fogo do blindado. Outra deficiência notória dos
primeiros Shermans era o fato de explodirem ao serem engajados por munição
anticarro. Assim, diversos equipamentos foram testados no intuito de protegerem
a munição armazenada no interior do carro. Colocaram-se prateleiras de munição
no casco inferior, envolvidas por câmaras d’água e protegida por uma blindagem.
Em maio de 1945 acrescentou-se o sufixo wet (molhado) à nomenclatura para
distinguir os tanques com paiol protegido por câmaras d’água.
Ao contrário de outros carros
como o Panther e o T-34 que possuíam blindagem inclinada, característica
marcante desse último, a qual aumentava consideravelmente o nível de proteção
do carro, os Sherman foram produzidos com laterais “retas”, as quais resultavam
em uma fraca proteção. Dentre os modelos produzidos do Sherman, destaca-se o
M4A3 Sherman “Firefly”, uma das variantes mais produzidas durante a Segunda
Guerra Mundial, sendo o modelo preferido pelos EUA. Os alemães perceberam a
superioridade desses modelos frente as demais versões do Sherman, que
apresentavam canhões inferiores aos 76 mm, como o Sherman M4 Standard que
possuía um canhão de 57 mm. Por conta disso, o Firefly, que possuía um cano
mais longo e com maior poder de fogo, era prioridade de alvos dos nazistas em
relação aos demais carros de combate das versões Sherman.
Era tripulado por 5 integrantes.
Seu armamento consistia de um canhão M3 de 75 mm; uma metralhadora M1919A4
calibre .30 pol (7,62 mm) coaxial; uma metralhadora M1919A4 em uma instalação
esférica na frente do casco; uma metralhadora M2 calibre .50 pol. (12,7 mm) no
alto da torre e um morteiro fumígeno M3 de 2 pol. (50,8 mm) no alto da torre. Sua
blindagem variava de 15 a 100 mm. Media 6,27 m de comprimento; 2,67 m de largura
3,37 m de altura. Pesava em combate: 31,6 ton com resultante pressão sobre o
solo de 1 kg/cm². O motor Ford GAA V-8 em linha, a gasolina, refrigerado a
água, desenvolvendo 500 cv a 2600 rpm, conferia uma relação potência/peso de 15,8
cv/t. Desempenhava 42 km/h na estrada com uma autonomia de 160 km. Podia
transpor obstáculos verticais de 0,61 m; valas de 2,29 m e vaus de 0,91 m; com ângulo
máximo de rampa de 31°. Entrou em serviço em 1942 e foi amplamente usado pelos
Estados Unidos e pela maioria de seus aliados durante e após a segunda guerra.
Também usado na Coréia e no Oriente Médio e ainda em serviço em alguns
exércitos.
Consequências – Mudança Tática
Conforme os avanços tecnológicos
e militares ocorrem, a tática empregada sofre mudanças. Uma tática bem-sucedida
em determinado combate, muito provavelmente, estará obsoleta em um conflito
posterior, devido aos avanços no armamento e equipamento. Durante o início da
Primeira Guerra Mundial ainda se empregavam conceitos de ataque do século
passado, apesar das metralhadoras mostrarem suas qualidades defensivas em
conflitos como a Guerra Russo-Japonesa. Essas armas conseguiam suplantar um
ataque inimigo a pé e, mais facilmente ainda, uma carga de cavalaria hipomóvel.
Com isso, a “Grande Guerra” tornou-se uma guerra estática. Limitava-se em uma
guerra de trincheiras, em que os avanços no terreno quase não existiam e,
quando haviam, eram pequenas faixas de terreno. A tática empregada durante a
maior parte da guerra era a de saturar a linha de trincheiras inimigas com
fogos de artilharia, com o objetivo de desgastar o inimigo e abrir brechas em
seu sistema defensivo. Contudo, o inimigo poderia conseguir restaurar seu
sistema defensivo antes que o outro obtivesse êxito em seu ataque e assim
contra-atacá-lo. Isso acarretava uma grande demora por parte de ambos os lados
em conseguirem visualizar resultados em suas frentes de batalha, tornando a
guerra monótona. Nesse período, a Cavalaria praticamente inexistiu, sendo a
velocidade e audácia de cavalo e cavaleiro vencidas pelas centenas de tiros por
minuto disparado por uma metralhadora. Porém, a necessidade de avançar às
linhas defensivas inimigas com ação de choque, proteção blindada e poder de
fogo fez o homem inventar os primeiros carros de combate.
Inicialmente, a tática empregada para
esses “monstros de aço” era de apenas apoio a progressão da infantaria. Apesar
do papel secundário durante a Primeira Guerra, já se notava que esses carros,
apesar de ainda muito limitados, iniciaram a transformação da guerra estática
para um conflito mais dinâmico. Dessa forma, a Cavalaria viu-se ressurgir no
mesmo conflito em que parecia ser seu fim. As quatro patas de um cavalo, que
tanto pelejaram durante séculos trazendo vitórias a seus exércitos em decisivas
cargas, viram nas lagartas de um blindado, o seu futuro. Os tanques, como
inicialmente foram chamados, não apenas facilitaram a transposição da linha de
trincheiras, fazendo dessas e das metralhadoras agora inimigos não tão letais
quanto antes. Esses “gigantes de aço” causavam terror aos inimigos
entrincheirados, muitas vezes fazendo a formação inimiga dispersar-se,
facilitando o ataque. O carro-de-combate foi originalmente desenhado como uma
arma especial para resolver uma situação tática não usual: a questão das
trincheiras. Potencialmente, os primeiros carros-de-combate podiam trazer o
poder de fogo da artilharia e das metralhadoras através da imprevisível terra
de ninguém e ofereciam mais proteção do que uma unidade de infantaria. Além
disso, o propósito esperado dessa arma era apoiar a Infantaria a fim de criar
uma brecha nas posições defensivas para que a Cavalaria, que estava esperando
pela oportunidade desde 1914, pudesse explorar o êxito e atingir a retaguarda
alemã.
Na prática, no entanto, os carros-de-combate
estavam limitados a ajudar a Infantaria a penetrar no cinturão defensivo
inimigo, em vez de atravessá-lo e explorar o êxito, alcançando a retaguarda
inimiga. Aos poucos, os tanques conquistaram a confiança de seus usuários, os
quais sentiam-se mais confiantes e protegidos para realizar um ataque e, por
consequência, as missões em que esses veículos eram empregados cresceram de
forma exponencial. Porém, nem tudo eram flores. Se por um lado os exércitos
viram nesses carros a esperança de acabar de forma mais rápida com o conflito,
por outro ainda tinham que lidar com as diversas limitações dos blindados,
principalmente referente a sua mobilidade, a qual era ainda mais difícil em
terrenos acidentados, ficando o carro muitas vezes reduzido em sua capacidade
de manobrar e, por vezes, impedido de prosseguir em combate. Destaca-se, nesse
período, a Batalha de Cambrai, ocorrida em 20 de novembro a 7 de dezembro de
1917. Considera-se essa a primeira batalha a utilizar carros de combate em
massa em conjunto com demais forças, como infantaria e artilharia. Apesar do
sucesso inicial do tanque Mark IV, as defesas alemãs, principalmente a artilharia,
revelaram as deficiências desses carros, deixando-os inoperantes após o
primeiro dia. Os carros de combate operavam em seções de 3: um usava fogo de
metralhadoras buscando suprir as defesas de infantaria, e outros dois carros
acompanhados pela Infantaria britânica cruzavam as trincheiras. Essas táticas
funcionaram muito bem, exceto em Flesquieres Ridge, no centro do setor de
Cambrai. Aqui o comandante da 51ª Divisão Hightlands, acreditando que o fogo
alemão seria dirigido à blindagem, proibiu que a Infantaria se aproximasse mais
que 100 jardas de seus carros de combate. Os carros de combate britânicos
estavam sem apoio quando, lentamente, subiram a elevação e, um por um,
atingiram o topo. O fogo direto alemão destruiu em poucos minutos 60 carros,
impossibilitados de manobra. Apesar do grande número de blindados utilizados em
combate, cerca de 400 pelo Reino Unido, ainda não havia uma doutrina para esses
veículos, não possuíam uma tática definida de emprego, limitando-se apenas em
apoiar a progressão da infantaria.
Os alemães, durante a guerra,
pouco empregaram tanques, sendo o seu carro mais conhecido o A7V. Centralizaram
seus esforços em táticas de infantaria e artilharia, empregando armamentos
anticarro e guerra química. Ao final da 1ª GM, a derrotada Alemanha via-se sob
rígidas sanções impostas pelo Tratado de Versalhes, o qual incumbia aos
germânicos a responsabilidade de causar a guerra. Essas imposições abrangiam
desde perda de territórios aos países fronteiriços, bem como de todas as suas
colônias sobre os oceanos e no Continente Africano, até restrições ao tamanho
de seu exército e indenizações financeiras em virtude dos prejuízos causados
durante a guerra. Assim, o antes poderoso exército alemão agora encontrava-se
sucateado e o pouco de material que sobrara fora distribuído entre os
ganhadores. Mesmo que quisesse, a Alemanha não seria capaz de reproduzir os
exércitos em massa e defesas estáticas de 1914-18. Em 1919, o Tratado de
Versalhes limitou o Exército alemão a 100 mil combatentes profissionais
permanentes, sem reservistas, exceto para forças policiais paramilitares. O
mesmo tratado proibia que a Alemanha possuísse carros-de-combate, gás venenoso,
aeronaves de combate e artilharia pesada. Paradoxalmente, para os alemães, essa
proibição pode ter sido uma vantagem disfarçada. O orçamento de defesa e as
táticas alemãs eram menos restritivas do que a dos outros exércitos, à
tecnologia da era de 1918, ou dependente dela. Esses termos do Tratado causaram
choque e humilhação ao orgulhoso povo alemão, contribuindo assim para a queda
da República de Weimar, em 1933, e a ascensão de um ex-cabo do exército alemão
durante a 1ª GM, cuja enérgica oratória encantava todos por onde passava: Adolf
Hitler. A Alemanha do pós-guerra encontrava-se mergulhada em um colapso
econômico e monárquico, em que filosofias extremistas encontraram terreno
fértil para o seu crescimento, desde ideias comunistas a ideais
ultra-nacionalistas. Hitler, ao assumir o poder, conseguiu unir o povo alemão
em torno de seus ideais, reascendendo o orgulho das pessoas através de
sentimentos nacionalistas. Também a economia tornou a crescer, voltando a
Alemanha a figurar entre as potências europeias. Na parte militar, o país
voltou a se militarizar, ignorando as normas do Tratado de Versalhes. Uma das
estratégias para iniciar essa militarização foi designar alguns militares do
alto escalão alemão para estudar o conflito que passara e compreender o que o
país havia feito de errado, para assim melhorar o exército e prepará-lo para um
futuro conflito. Dentre esses militares, destacou-se o General Hans von Seeckt.
O General Hans von Seeckt, o homem que reconstruiu o Exército alemão após sua
derrota, dirigiu uma completa revisão do método de guerrear alemão. Baseado em
sua experiência na luta contra os russos durante a Primeira Guerra Mundial,
Seeckt acreditava que um exército móvel e bem treinado era capaz de superar um
exército de muito maior efetivo, mas sem mobilidade. Sob sua direção, os
planejadores alemães estudaram conceitos e desenvolveram a organização e os
equipamentos para realizá-los. A doutrina levou a avanços tecnológicos, ao
contrário do que aconteceu em outros exércitos.
Outro pensador alemão, um dos
mais brilhantes e influentes de todo o exército, Heinz Guderian, membro da
Inspetoria de Tropas Mecanizadas, logo identificou uma das principais
deficiências da Alemanha durante a 1ª GM que resultara em sua derrota. Ficou
claro que o carro de combate era uma arma decisiva quando empregado em massa,
como em Cambrai, e, em 1918, os alemães precisavam contar com o aparecimento de
muitos mais e de melhores modelos. Havia duas coisas que poderiam ser feitas:
realizar todo esforço para aumentar o poder defensivo da tropa ou criar nossa
própria força blindada, especialmente se quiséssemos passar a ofensiva. Na
verdade, deveríamos considerar ambas as alternativas, disse Guderian. Portanto,
ficou claro que a falta de carros de combate foi um fator chave no insucesso
alemão na Primeira Guerra. Para isso, a Alemanha iniciou seus projetos de
modernização de seu exército com a construção de seus blindados, dessa forma
renovando toda a sua frota. Os alemães, ao contrário, foram desprovidos de suas
armas pelo Tratado de Versalhes de 1919 e puderam começar de novo. Até certo
ponto, o sucesso tático alemão de 1939-42 não foi apenas pela superioridade na
qualidade ou quantidade de equipamento, mas pelo fato de que os carros de
combate e outros veículos alemães foram produzidos a tempo de permitir uma
extensiva experimentação e treinamento antes da guerra.
Diferente disso, os britânicos e
franceses possuíam poucas armas modernas, com as quais treinaram até a
deflagração da Segunda Guerra Mundial; só então eles produziram em massa, em um
volume enorme. Nesse período, a Alemanha passava por uma profunda transformação
em sua doutrina, alterando taticamente a forma com que pensava e executava a
guerra. Surge então a Blitzkrieg (guerra-relâmpago), a qual deixou o exército
germânico um passo a frente dos demais exércitos, os quais ainda estavam
confortáveis em suas situações de vencedores e “presos”, em grande parte, às
táticas utilizadas no conflito passado, a “Grande Guerra”. Entre 1936 e 1939
ocorria na Espanha a Guerra Civil Espanhola, conflito em que os nazistas e os
comunistas viram como oportunidade perfeita para testar seus equipamentos,
armamentos, pessoal e, sobretudo, seus novos carros de combate. De um lado do
conflito, a Alemanha apoiando a Espanha Nacionalista com seus Panzer I e II; de
outro, a Rússia apoiando a República Espanhola com seu carro de combate T-26. Esse
mostrou-se superior aos outros dois carros alemães, tornando-se oponente
difícil de ser abatido no campo de batalha. Essa vantagem devia-se muito pelo
fato do Panzer I ser dotado apenas de metralhadoras, enquanto o T-26 já possuía
canhões nas versões de 37 e 45 mm. Frente a esse resultado, os alemães
melhoraram seus carros de combate, criando assim o Panzer III e IV. Esses
carros possuíam uma melhor relação potência/peso e lagartas compatíveis com o
seu tamanho e tipo de terreno, operando com maior velocidade e ação de choque
que os blindados anteriores, resultando em uma capacidade ofensiva nunca antes
vista. Durante os períodos de 1939 a 1941, as unidades convencionais de
infantaria encontravam-se despreparadas psicológica e tecnologicamente para
derrotar um inimigo blindado que se movimenta com rapidez, especialmente quando
surgia nas áreas de retaguarda e rompia as comunicações normalmente rígidas e
as posições defensivas organizadas no estilo da Primeira Guerra Mundial. Para
facilitar a coordenação e controle das complicadas manobras de integração de
diversos elementos das Forças Armadas Alemãs, os alemães focaram-se no
desenvolvimento de rádios. Na época em que Hitler começou a expandir seu
exército, na metade da década de 1930, os alemães haviam desenvolvido uma
família inteira de rádios altamente potentes e de baixa frequência capazes de
conectar divisões e quartéis-generais superiores. Apesar de não ser uma ideia
unânime até futuramente a invasão da Polônia, a importância do carro de combate
mostrava-se fundamental na nova tática de guerra da Alemanha. Assim, os tanques
transformaram-se de apenas elementos de apoio a Infantaria para elementos de
manobra, primordiais ao ataque, não apenas empregados para realizar a
perseguição e desbordamento dos inimigos, mas também para destruí-los através
da ação de choque e poder de fogo. Após, em 1 de setembro de 1939, a Alemanha
invadir a Polônia, ocasiona subsequentes declarações de guerra e, por fim,
eclodindo na 2ª Guerra Mundial, na qual os países dividiram-se em duas
alianças: os países membros do Eixo e os Aliados. Em poucas semanas, a invasão
da Polônia havia sido um sucesso. Aliado ao fato dos alemães estarem com um
exército bem treinado e equipado, os poloneses facilitaram a sua rápida derrota
ao ainda adotarem táticas obsoletas no campo de batalha. Durante a invasão, os
alemães testaram várias táticas de batalha. A primeira era a formação em cunha,
a qual era formada por 3 companhias de blindados leves (Panzer I e II), sendo
que uma ia à frente para abrir caminho e as outras duas nos flancos para
proteger a formação. No centro, iam os tanques médios (Panzer III) e à
retaguarda, complementando a formação, a infantaria motorizada para neutralizar
possíveis focos de resistência durante a progressão. Também utilizou-se muito
pelos alemães a formação em “V”. Ao contrário da anterior, essa era menor, não
possuindo a companhia de blindados leves que progredia à frente do dispositivo.
Outra formação empregada foi a formação em linha. Apesar de não proporcionar
boa segurança nos flancos, como a formação em cunha e em “V”, além de
dificultar a coordenação pelo líder da fração, a formação em linha
proporcionava o maior poder de fogo à frente, sendo comumente utilizada durante
o assalto às posições defensivas inimigas.
Menos de um ano após a invasão da
Polônia, em 10 de maio de 1940, ocorria a Batalha da França, ou também
conhecida como Queda da França, a qual consistiu na invasão alemã da França e
dos Países Baixos. Considerando ser intransponível a região de Ardenas, área
essa povoada por florestas densas e muito acidentada, os franceses concentraram
seus esforços em uma faixa estreita em uma larga frente, ficando conhecida como
Linha Maginot. A estrutura de comando francesa, em particular, estava montada
para uma guerra de posição, mas precisava de forças para criar uma verdadeira
defesa em profundidade no modelo da Primeira Guerra Mundial. Avançando
rapidamente pela Floresta das Ardenas, o ataque principal alemão rompeu esta
defesa linear em um de seus pontos mais fracos. No quinto dia da campanha (14
de maio de 1940), as forças móveis alemãs conduziam o tipo de exploração
profunda prevista por muitos teóricos durante a década de 1930. Tais
penetrações eram psicologicamente enervantes para os defensores, que, de
repente, encontravam-se combatendo forças importantes do inimigo na própria
retaguarda. Para realizar essa operação, a Alemanha dividiu seu exército em
três Grupos de Exércitos. Ao norte, liderado pelo General Fedor von Bock,
encontrava-se o Grupo de Exército B que tinha por missão invadir a Bélgica e
atrair as forças francesas e britânicas. Mais ao sul estava a principal força
alemã, o Grupo de Exércitos A, incumbido da missão de romper a linha francesa
no rio Meuse e então atacar, dividindo as forças inimigas. Por último, mas não
menos importante, o Grupo de Exércitos C com o objetivo de atacar a Linha
Maginot. Como resultado, em pouco mais de 30 dias os nazistas haviam invadido
os Países Baixos, a França e a Bélgica. Isso evidenciava ainda mais a
importância das formações de ataque utilizando a coordenação de diversos
elementos, como aviação e tropas mecanizadas, em um ataque rápido e
surpreendente, ou seja, a Guerra relâmpago. A situação Aliada apenas começou a
mudar quando chegaram os tanques Sherman que, apesar de inferiores à família de
blindados Panzer, possuíam velocidade em torno de 35 km/h em terreno irregular,
razoável blindagem e potência de fogo capaz de destruir blindados nazistas. O
início da derrota alemã apenas veio acontecer em Stalingrado, na Rússia, e como
último esforço alemão para retomar a iniciativa do ataque na frente Oriental
ocorreu a derrota alemã na Batalha de Kursk, também ocorrida em solo russo.
Essa batalha é considerada a maior batalha de blindados da história, sendo
empregados cerca de 5000 veículos blindados russos, em oposição a 3000 carros
alemães. Nesse combate a Guerra relâmpago não alcançou a eficiência tática
esperada, muito devido pelo fato de não haver o efeito surpresa, porque os
russos já estavam esperando o ataque, preparando o terreno com minas e fossos
anticarro. Também destaca-se como fator fundamental para a derrota nazista o
tanque T-34 russo. O Panzer IV, que até então havia cumprido bem seu papel
durante todas as missões em que fora empregado, sendo o principal carro de
combate alemão até então, frente ao T-34 mostrou-se um carro obsoleto. Durante
a investida na Rússia, fora desenvolvida pelos nazistas a formação “Panzerkeil”
(cunha blindada), utilizando conceitos da formação clássica em “V”. Essa
formação possibilitava que os blindados se apoiassem mutuamente e avançassem
para flanquear e explorar as fragilidades existentes nas defesas inimigas. Os
tanques mais potentes encontravam-se na vanguarda (Tiger e Panzer IV) enquanto
os mais leves (Panzer II e III) ficavam protegidos ao centro e, por fim, os
granadeiros faziam a retaguarda da formação.
Essa formação foi desenvolvida
com o objetivo de dificultar a pontaria das armas anticarro russas que tinham
que ajustar as baterias várias vezes devido à velocidade e profundidade da
cunha blindada. A Frente Leste de 1941/1942 foi travada entre alemães e russos.
Enquanto os alemães atacavam no verão, para assim haver um solo seco que
permitisse o uso dos carros de combate, os russos atacavam durante o inverno,
pois, o soldado nazista não se encontrava preparado para um inverno tão
rigoroso. Somado a essa espera por condições climáticas melhor, os nazistas
também adiaram 41 várias vezes seus ataques por esperarem a chegada dos novos
carros de combate, os Panther, superiores aos Panzer IV e que podiam fazer
frente aos tanques T-34 da Rússia. Com isso, deu-se tempo necessário para o
Exército Vermelho transformar Kursk em um dos lugares mais bem protegidos da
Rússia. Também infringia um dos preceitos básicos da doutrina Blitzkrieg:
evitar atacar um ponto forte. O desbordamento de posições defensivas ferrenhas
com objetivo de cercá-las para enfraquecê-las e então atacar, ou mesmo atingir
as linhas de suprimento desse local eram táticas comuns dos alemães. O número
de carros utilizados durante esse combate foi tão grande que a aviação de ambos
os lados, praticamente, não realizou ataque por causa dos pilotos não
conseguirem distinguir os tanques devido ao seu número, a poeira e fumaça dos
carros destruídos. Por fim, após imenso esforço de ambos os lados em defenderem
e conquistarem posições, os alemães foram obrigados a retirarem-se da Rússia.
Em 23 de julho, os russos detiveram uma ofensiva alemã e iniciaram uma
contraofensiva, obrigando-os a retornarem às posições iniciais antes da
batalha. Um mês depois, em agosto, uma grande ofensiva do Exército russo
obrigou os alemães a se evadirem de Kursk o que, em pouco tempo, aconteceria em
toda a Frente Leste. Ignorada pelos alemães, a surpresa agora estava do lado
russo.
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