O sucesso em combate envolve mais que apenas feitos
audazes conseguidos através do deslocamento em um campo de batalha.
Freqüentemente os soldados tem que parar para cavar a fim de construir posições
seguras onde possam descansar e defender-se, de forma a sobreviver para ganhar
a batalha seguinte. Nesta seção serão mostrado os princípios básicos na
construção de posições defensivas para pequenos grupos. Uma posição
defensiva eficaz faz o melhor uso possível de sua potência de fogo. A nível de
pelotão ou seção, serão necessário desdobrar trincheiras de modo que todos os
acessos a sua posição sejam cobertos ao menos por dois arcos do fogo. Então,
antes que possa alcança-lo, o inimigo terá que cruzar um terreno de matança em
potencial. Uma defesa eficaz depende destes princípios básicos.
Defendendo o terreno de importância tática
Deve-se negar ao inimigo todo o terreno de importância
tática, ou seja, todo o terreno de onde o inimigo possa executar qualquer tipo
de manobra em seu proveito. Pode-se fazer isto defendendo o terreno
propriamente dito, impedindo que o inimigo o ocupe e dele se utilize, ou
bloqueando o acesso a ele.
O comandante do dispositivo deverá identificar, dentro de
seu perímetro de defesa, os pontos de comandamento tanto do perímetro em sí,
como os de suas rotas de acesso. Estes pontos servirão principalmente para a
instalação de observadores e sentinelas que darão o alarme de qualquer
atividade dentro de seu campo de observação. Também é possível desdobrar
armamento defensivo a partir destas posições.
Defesa em profundidade
Uma defesa deve ser desdobrada levando em conta o fator
profundidade, de forma que um ataque potente possa ser absorvido de forma lenta
e gradual; primeiro enfraquecendo e desorganizando o atacante, para finalmente
liquidá-lo ou faze-lo desistir.
Fazer o inimigo atravessar uma distância relativamente
longa sob fogo é eficaz e em muitos casos pode até desencorajar a fazê-lo.
Outro artifício a ser implementado pode ser o de criar corredores com curvas,
aumentando a distância a ser percorrida e expondo-o ao fogo por mais tempo.
Posições Individuais e cobertura mútua
Trincheiras devem ser construídas de forma a prover
cobertura mútua de fogo, proporcionando apoio a frente, nos flancos e à
retaguarda. Dentro de um pelotão, cada seção deve poder cobrir a outra de tal
maneira que os arcos das metralhadoras e das armas individuais se
sobreponham. Deve-se tomar cuidado, no entanto para que uma seção não
fique dentro do campo de tiro de outra, evitando o chamado fogo amigo.
Escondendo a posição
As trincheiras devem ser cuidadosamente escondidas da
observação aérea e terrestre. Isto será conseguido construindo um eficaz
sistema de camuflagem, além de uma localização cuidadosa. O terreno deve ser
usado de modo que o inimigo não adentre a posição de forma desavisada. Uma
maneira de se conseguir isto é situar suas posições defensivas em uma
inclinação reversa, ou seja, atrás da crista de um monte de modo que o inimigo
possa se aproximar somente através do arco de fogo das trincheiras ali
instaladas, atacando de baixo para cima como óbvia desvantagem tática, sendo
detectado muito antes de entrar no alcance das armas, dando chance a construção
de pontarias bem estudadas, chamando para si o fogo direto quando estiver bem
dentro de alcance.
Defendendo todos os acessos
Todas as posições defensivas devem ser situadas de forma
a poderem fazer frente a ataques vindos de qualquer direção. Embora sejam
distribuídos setores de defesa às diversas seções do pelotão, cada qual
defendendo um sentido em particular concentrando ali seu fogo, suas linhas
podem ser penetradas, especialmente à noite, e as seções devem estar preparadas
para enfrentar um ataque de qualquer direção.
Mantendo as linhas de suprimento abertas
Como em todas as fases da guerra, uma campanha de sucesso
depende da sustentação do necessário apoio logístico. Por melhor que seja uma
posição defensiva, é improvável que se possa mantê-la se acabar a munição ou os
defensores não tiverem o que comer.
Seguir sempre estes seis princípios ao construir uma
posição defensiva é muito importante. Uma trincheira individual de fogo terá
que ser situada seguindo estes princípios de forma a integrar uma planta maior
de defesa.
A localização das trincheiras
Os seguintes fatores devem ser considerados ao se
projetar trincheiras. Todo o projeto deverá levar em conta o desdobramento
defensivo como um todo.
- O uso das armas: A trincheira deve estar situada de forma a permitir um bom campo de fogo e de visão. Deve-se construí-la de forma que o fogo defensivo possa ser disparado sem obstáculos. Os campos de tiro devem ser limpos de desubstruídos de vegetação, sempre levando em conta as necessidades de camuflagem.
- Proteção: A principal ameaça a infantaria em processo de escavação é o fogo de artilharia, em especial os projéteis de arrebentação aérea. Para uma proteção eficaz, as trincheiras não devem ser muito largas (cerca de 50 centímetros). A proteção aérea do abrigo deve ter ao menos 45 centímetros de espessura.
- Velocidade da construção: No lugar de pás, machados e picaretas, deve-se sempre que possível lançar mão de ferramentas motorizadas. A preparação do terreno com explosivos também é uma opção. A melhor solução é um escavador móvel, que proporciona maior velocidade de escavação e poupa os defensores de esforço físico. Ele pode escavar rapidamente trincheiras de fogo, bunkers de comando ou para armas de emprego coletivo, como metralhadoras e morteiros.
- Camuflagem: A trincheira deve, obviamente, também ser escondida o quanto possível.
A trincheira básica de fogo
A trincheira de fogo para dois homens, a trincheira de
fogo para quatro homens e a trincheira de fogo de arma coletiva são os três
tipos básicos de trincheira.
A trincheira de dois homens deve ser cavada com a
profundidade das axilas dos defensores, cerca de 50 cm de largura, e cerca de
2,2 metros de comprimento. A profundidade pode ser variada, de acordo com a
altura do homem mais alto da trincheira. As trincheiras de fogo devem ser construídas
com proteção antiaérea. Esta não deve medir mais que um sexto da altura dos
ocupantes acima do nível do terreno. Se a proteção antiaérea for adicionada a
uma trincheira do fogo, uma abertura deve ser deixada descoberta para acesso,
ter proteção contra o fogo das armas anti-tanque e sumidouro para defesa contra
granadas de mão.
Fazendo exame do abrigo
Uma vez que a trincheira de fogo estiver completada, o
passo seguinte é escavar a trincheira do abrigo. Esta é uma continuação da
trincheira de fogo e deve ter a altura de cerca da metade da altura dos
ocupantes, com uma cobertura de cerca de 45 cm de proteção. Esta cobertura
deverá ser reforçada de forma a suportar o tráfego no terreno, seja tanto o de
pessoal como o de veículos. Esta trincheira presta-se a servir como dormitório
aos ocupantes. Uma trincheira de quatro homens deverá simplesmente ter duas
vezes o comprimento de uma trincheira de dois homens e terá uma trincheira de
abrigo em cada extremidade.
Para escavar uma trincheira de fogo de dois-homens em
solo relativamente macio consome aproximadamente duas horas. Em solo mais
difícil este tempo pode dobrar. Um hora adicional se fará necessária para
proporcionar a proteção antiaérea, e de três a cinco horas adicionais para
terminar a trincheira do abrigo em solo macio (até nove em solo duro).
Defesa Extra
Quando a trincheira for completada, necessitará ser
guarnecida com defesas extras. Obstáculos de arame podem ser construídos em
frente de sua posição, embora estes não sejam tão bons, a menos que estejam
cobertos por arcos fogo.
As minas também podem ser usadas. Campos cuidadosamente
ocultados, bem instalados e cobertos por fogo são altamente eficientes para
deter veículos e tropas a pé.
Por último, deve-se ter um plano compreensivo de fogo,
lançando-se mão de artilharia, tanques, morteiros, metralhadoras e armas
anti-tanque, proporcionando cobertura mútua de forma a manter a posição coesa.
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