FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

domingo, 12 de agosto de 2018

O Míssil Antirradiação (ARM) #151




O Míssil antirradiação (ARM) é um projétil destinado a neutralizar sistemas emissores de radiação como radares de vigilância e diretores de tiro a fim de inviabilizar a operacionalidade de baterias antiaéreas, através da busca da radiação emitida pelo alvo, operando desta forma sensores passivos de busca. É um equipamento complexo e difícil de desenvolver, porém de altíssimo valor militar e tecnicamente destina-se a realizar as missões de supressão de defesas (SEAD).

Contrapor a ameaça aérea é uma das grandes prioridades de qualquer força armada, pois ela representa a ponta de lança de qualquer ação militar e seu poder de destruição é verdadeiramente devastador. Na guerra moderna as forças em combate tem como missão inicial a conquista da supremacia aérea, que nada mais é que o domínio do espaço aéreo para que os meios aéreos próprios ou aliados possam voar suas missões de combate em relativa segurança (superioridade aérea) ou mesmo em segurança absoluta (supremacia aérea).

A campanha inicia-se com ações aéreas suportadas por intenso apoio de EW a fim de neutralizar a aviação de defesa aérea inimiga, seja em combates ar-ar abatendo os caças no ar, ou bombardeando bases aéreas com sua infraestrutura de alerta e detecção, bem como a aviação que se encontra em terra. Esta ação inicial pode se dar de duas formas: a primeira em condição de surpresa total com a maioria das aeronaves em terra e cujo protagonista será o bombardeio das bases e suas defesas de ponto, ou uma condição em que o inimigo esteja esperando o ataque, e neste caso, com uma parcela significativa de seu elemento de alerta voando em patrulhas de combate aéreo (CAP). Um exemplo clássico da primeira condição foi materializado na Guerra dos Seis Dias em 1967, onde a aviação de Israel destruiu em terra a quase totalidade da aviação egípcia.

Uma vez alcançada esta condição de liberdade operacional, onde a aviação de defesa aérea do inimigo não representa mais uma ameaça significativa, ou mesmo quando o alerta aéreo inimigo está relaxado e a defesa baseada em terra é o meio de reação mais imediato, os atacantes aéreos tem que se preocupar com os sistemas de defesa aérea localizados em torno das bases aéreas em momentos iniciais, e posteriormente numa segunda fase da campanha em pontos sensíveis como parques industriais, bases militares, usinas de energia e outros alvos ganham importância, e estão cobertos por redes antiaéreas baseada em terra.

Estes sistemas de defesa antiaérea, geralmente baseados em SAMs de médio e longo alcance e canhões de tiro rápido, tem seus disparos endereçados por sistema de radar. Sejam radares de vigilância e alerta antecipado ou diretores de tiro, neutralizar a capacidade destes sistemas significa colocar as armas propriamente ditas (SAMs) em condição de “cegueira” operacional, impedindo que sejam disparadas com efetividade.



O míssil antirradiação (ARM) visa alcançar estas antenas de sistemas RADAR e colocá-los foram de combate antes que qualquer ação de defesa aérea possa ser implementada, uma vez que é guiado através da radiação emitida por estas antenas, não alertando o inimigo sobre sua aproximação, salvo de for captado pelo próprio RADAR. São utilizados por aeronaves que voam a frente dos escalões de bombardeio propriamente ditos, e disparados a fim de criar um corredor livre de alerta aéreo para que o “grosso” destes possam alcançar em relativa segurança seus alvos no solo, que poderão inclusive ser as próprias baterias antiaéreas.

Estes mísseis são construídos para seguir a radiação inimiga, e portanto não são eficazes contra qualquer outro tipo de alvo. As antenas deste sistemas-ameaça são alvos pouco resistentes, de forma que os mísseis não precisam carregar uma carga explosiva muito potente, sendo que até um impacto sem explosão pode ser suficiente para colocar o sistema inoperante. Aeronaves que portam ARMs geralmente levam também outros petardos para destruir fisicamente o restante do sistema, depois da antena do alerta estar neutralizada.

Muitas vezes os operadores dos sistemas de alerta ao simplesmente "desconfiarem" da aproximação destes mísseis, os desligam para evitar “impacto”, cegando seus “seekers”, fazendo com que o sistema de defesa fique inoperante e míssil mesmo assim cumpra sua missão, pois neutralizou o sistema. Outra forma de contramedida é a instalação de chamarizes (mais de uma) nas imediações do radar atacado que transmitam na mesma RF do RADAR-alvo. Os chamarizes emitem pulsos em intermitência com o radar verdadeiro, fazendo com que o foco do míssil comece a vagar não selecionando qualquer um deles. Modelos mais sofisticados tem a capacidade de “memorizar” a posição do alvo captada antes de seu desligamento, fazendo que voo se dê a um ponto provável.

Os primeiros ARMs como o AGM-45 Shrike usado na Guerra das Falklands/Malvinas não possuíam a capacidade de acertar seu alvos se o RADAR desligasse suas antenas. Modelos posteriores com o AGM-78 Standard e AGM-88 Harm passaram a contar com sistemas INS que permitem a memorização da posição do alvo e seu curso até lá. O modelo europeu ALARM possui um paraquedas que permite que desça lentamente até que o RADAR volte a ser ligado, quando volta a acender seu motor.

Possuem modos diversos de operação, podendo ter seu alvo designado por “travamento” através do RWR da aeronave, por inserção de coordenadas em sua memória de forma manual valendo-se de seu GPS e INS. Podem ainda ser lançados sem alvo definido esperando-se que o adquiria durante o voo num engajamento de oportunidade (Stand-Alone).

Na década de 2010 A FAB solicitou aos EUA a compra de um lote de mísseis AGM-88 Harm, o qual foi negado sob a alegação de que não era interessante (para eles) a introdução deste tipo de arma no cenário latino-americano. Em resposta o DCTA partiu para o desenvolvimento de um modelo nacional, hoje denominado MAR-1 e já operacional. É um projeto ainda envolto em mistério mas sabe-se que é capaz de detectar radares de baixa potência como o Skyguard a 500 km de distância, possui um ogiva de 90 Kg e alcance desconhecido, especulado em torno de 60 km. Sua velocidade é próxima a do som e dimensões similares ao ALARM, porém menor que este, pesando 266 kg.



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